quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

EDUCAÇÃO PORTUGUESA

Como Portugal elevou sua educação às melhores do mundo: Pouco dinheiro, muito empenho

Nos últimos 50 anos, país tem apresentado uma evolução educacional que vai além da dimensão escolar

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Com pouco investimento mas melhorias constantes, Portugal viu seus alunos superarem a média no teste internacional Pisa 

Desde 2015, a União Europeia observa a ascensão educacional de um país que, a despeito de ainda sentir os efeitos de uma grave crise econômica e estar entre os mais pobres do bloco, chama atenção por seus resultados no principal teste internacional de educação.
Portugal conseguiu que seus alunos de 15 anos ficassem acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, organização também conhecida como "clube dos ricos") nos domínios avaliados pelo Pisa: ciências, leitura e matemática.
Aliás, desde que o exame começou a ser aplicado pela OCDE nos anos 2000, a cada três anos, Portugal avança um "bocadinho".
Assim, há pelo menos uma década e meia, o país europeu mantém essa trajetória nos seus resultados e é o único do continente que melhora seu desempenho a cada ano.
Nem mesmo nos períodos mais duros da última grande crise, com a redução de investimentos e o ajuste fiscal imposto pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia, essa evolução cessou.
É tamanha a consistência de resultados que Portugal hoje recebe informalmente a alcunha de "estrela ascendente da educação internacional" - e fez isso sem apostar em nenhuma grande estratégia educativa, mas investindo nas pessoas que formam a comunidade escolar, especialmente as mães e as crianças de 0 a 6 anos.
Apesar dos resultados positivos, a interpretação é de que ainda há muito a melhorar. A recomendação do professor António Gomes Ferreira, diretor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, é ter prudência na leitura dos dados.
"O Pisa traduz uma boa evolução, mas não uma boa colocação: Portugal está apenas ligeiramente acima da média da OCDE, ocupando um lugar simplesmente mediano", afirma
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País não está no topo da educação, mas teve avanços suficientes para colocar-se entre os melhores sistemas educacionais do mundo (Foto: Getty Images via BBC News Brasil)
Entre os 72 participantes no teste, a pontuação de Portugal na última avaliação foi oito pontos superiores à média em ciências, cinco pontos em leitura e dois pontos em matemática - esta última diferença não é considerada estatisticamente significativa.
A colocação final dos alunos portugueses foi 17º lugar em ciências, 18º em leitura e 22º em matemática - o que posiciona o país entre os melhores do mundo, mas distante ainda do desempenho dos sistemas educacionais de referência globais, como Cingapura, Finlândia, Hong Kong, Canadá e Suíça.
"O que o Pisa e outras avaliações nos mostram é que Portugal está num patamar de país desenvolvido, mas ainda longe de acompanhar os que estão no topo", diz Gomes Ferreira, que coordena o Grupo de Políticas Educativas e Dinâmicas Educacionais do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século 20 (CEIS20).


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