Mudança das linhas de ônibus decreta o fim da Baixa dos Sapateiros
Cantada em verso e prosa, a Avenida J.J Seabra, conhecida como Baixa dos Sapateiros, que já foi o maior centro comercial popular de Salvador, está agonizando. Lojas vazias, empregos escassos e ruas abandonadas. Esse é o retrato atual do local que já abrigou lojas importantes como: Brasileiras, Pernambucanas, Nunes Calçados, Feira dos Tecidos e Leão de Ouro, além de cinemas como Jandaia e Pax.
Para os comerciantes, um dos principais motivos para a derrocada do local é a degradação dos terminais do Aquidabã e da Barroquinha, que ficam nos extremos da rua. “O Aquidabã virou ponto de mendigos, de sujeira, a sensação de insegurança é grande, quem é que vai querer descer aqui para comprar?”, questiona o presidente da Associação dos Lojistas da Baixa dos Sapateiros e Barroquinha (Albasa), Ruy Barbosa, que chegou a ter sete lojas na Avenida e atualmente tem apenas uma.
A crise é tanta que, no mês passado, os comerciantes fecharam as portas das lojas durante a manhã de um dia útil e foram protestar contra a retirada das linhas de ônibus da região. Há 10 anos, a Albasa contabilizava 452 pontos de venda, já em 2017, o número despencou para 400 pontos comerciais. “A Baixa dos Sapateiros está na UTI”, sentencia Ruy Barbosa.
De 200 para 40 ônibus circulando por hora
Um levantamento da Albasa mostra que a circulação de ônibus nos terminais do Aquidabã e da Barroquinha caiu vertiginosamente. Em 1974, 200 ônibus por hora circulavam em mão dupla. Em 2012, a queda foi mais brusca e atingiu 60 ônibus por hora, despencando para apenas 40 coletivos em 2017.
“Eles [A Prefeitura] simplesmente retiraram os ônibus da Baixa dos Sapateiros. Nós tínhamos uma Baixa dos Sapateiros bem dividida, são 2,5 quilômetros. Uma pesquisa do Sebrae identificou que 74% dos clientes daqui vêm de ônibus”, destacou o vice-presidente da Albasa, Elson Pastori. Os comerciantes não foram recebidos pelo secretário de Mobilidade, Fábio Mota.
Em tempos de outrora
Lembranças como a do empresário Ivo Fucs, de 80 anos, que há 51 comanda a Loja Cecy, mostram que a Baixa dos Sapateiros já foi o principal centro comercial da cidade. “Aqui vendia tanto que não tinha tempo de ir ao banco fazer o depósito do dinheiro das vendas, o gerente vinha aqui buscar. Hoje tenho só cinco funcionários, o comércio mudou”, lembra o dono da loja que pode ser considerada uma das mais antigas de Salvador, com 110 anos de história.
Esvazia a rua e os manos do peito arrematam os imóveis na bacia das almas.
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