sábado, 3 de novembro de 2018

DAR MAIS A QUEM TEM MAIS

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"(...) De superbia deriva "soberba". Na linguagem comum, quando se fala em "soberba" se descreve uma atitude, ou até mesmo uma simples pose. Nos textos jurídicos e filosóficos dos clássicos latinos, superbia não é apenas a atitude dos arrogantes, mas também sua prática, sua gana, sua obsessão de colocar-se acima de todos, seja lá como for. Implica uma furiosa negação da equidade. É um irado empenho na promoção da desigualdade, uma sede infrene de privilégio. Se você quiser um exemplo atual de philotimía, de iníqua superbia, basta pensar nos juízes brasileiros que lutam pela aprovação da Nova Lei Orgânica da Magistratura (LOMAN). Este projeto concede aos magistrados auxílio moradia equivalente a 20% do salário, garantia de transporte gratuito quando não tiverem à disposição carro oficial, reembolso por despesas médicas e odontológicas não cobertas pelos planos de saúde, licenças para estudar no exterior com remuneração extra. Garante ainda aos filhos dos juízes, desembargadores e ministros do judiciário, até aos 24 anos, auxílio-educação para que cursem escolas e universidades particulares. É óbvio que assim se vai constituir uma "nobreza togada" bem distante do cidadão comum, do povo a quem incumbirá pagar por esses privilégios da casta já tão soberbamente agraciada (recorde-se que, neste país de tantos sem teto, a maioria dos juízes já ganha auxílio moradia mesmo tendo a propriedade de suas residências). O mais curioso é que a essa casta se atribui o encargo de ministrar justiça. Não vejo maior exemplo de corrupção dos valores que a separação prática assim feita, a discrepância assim promovida, entre justiça e equidade. Não é preciso dizer quanto a pleonexía define o conato do atual regime político brasileiro, num momento em que se trata justamente de dar mais a quem tem mais e reduzir ao máximo o pouco de quem tem menos.(...)"
ORDEP SERRA 

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