Ministra da Justiça: há racismo em Portugal e “desvalorizar” isso “conduz ao desastre”
Maria de Fátima Bonifácio foi a ausente mais presente no seminário parlamentar sobre racismo
A falta de dados étnico-raciais e o artigo de Maria de Fátima Bonifácio, publicado este sábado no jornal “Público”, marcaram o debate do Seminário sobre Racismo durante esta terça-feira no Parlamento.
“Sobre estas temáticas relacionadas com o racismo, a xenofobia e a discriminação étnico-racial tende a recair um enorme manto de silêncio”, disse a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, no encerramento dos trabalhos, depois de frisar que é uma “mulher africana” e que, ao contrário da maioria, ocupa um lugar de destaque. "O negacionismo, a persistência na desvalorização do fenómeno conduz ao desastre e à radicalização de posições", alertou a ministra.
“Sobre estas temáticas relacionadas com o racismo, a xenofobia e a discriminação étnico-racial tende a recair um enorme manto de silêncio”, disse a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, no encerramento dos trabalhos, depois de frisar que é uma “mulher africana” e que, ao contrário da maioria, ocupa um lugar de destaque. "O negacionismo, a persistência na desvalorização do fenómeno conduz ao desastre e à radicalização de posições", alertou a ministra.
A governante - à semelhança do que é referido no relatório que o Expresso antecipou na edição impressa de sábado - frisou a falta de dados e a importância que estes têm para que seja conhecida a realidade da discriminação em Portugal. “Tanto quanto me é dado a conhecer, são realizados alguns estudos sectorais, mas não se encontra disponível informação ampla e abrangente, suscetível de ser cruzada e trabalhada, com base na qual se possam extrair conclusões seguras sobre a realidade”, continuou.
E, tal como o secretário de Estado das Autarquias Locais fez de manhã, sublinhou que há muitas questões por responder. “Perguntas tão simples como as de saber quantos são os membros destas comunidades; que idade têm; quantos nasceram em Portugal; quantos são os que não nasceram, há quantos anos aqui residem, onde e como vivem, quanto auferem, que graus de escolaridade detêm, que acesso a empregos, a habitação, a cuidados de saúde ou a bens e serviços lhes são negados?”, disse.
A não inclusão de uma questão sobre a origem étnico-racial no Censos 2021 foi uma das reivindicações mais ouvidas pelos ativistas que todo o dia encheram o auditório novo para ouvir os intervenientes nos vários painéis. Tal como a questão das quotas nas listas partidárias e nas universidades, algo que não é proposto no relatório.
Mas as maiores exaltações, aplausos e críticas foram para o artigo da historiadora Fátima Bonifácio, publicado este sábado no "Público" e que se insurge contra as quotas. “Perdeu-se a vergonha”, disse Pedro Bacelar de Vasconcelos, deputado do PS e presidente da Primeira Comissão.
Já antes, o sociólogo Rui Pena Pires, alvo das críticas de Fátima Bonifácio, tinha também dito que se tinha perdido a vergonha. “Fátima Bonifácio é um exemplo de que não se tem vergonha na cara. É um discurso preconceituoso que não tem só espaço no racismo. É adaptativo do populismo. E assume-se como alternativa ao politicamente correto. Perdeu-se a vergonha para exprimir preconceitos”, disse.
Também Franscica Van Dunem se referiu à historiadora sem, porém, dizer o seu nome. Em tom irónico, disse que só faltou a autora dizer que os habitantes do bairro da Jamaica têm umas casas extraordinárias na Lapa, mas não as querem. E que têm ofertas de emprego únicas, mas não lhes apetece.
E, tal como o secretário de Estado das Autarquias Locais fez de manhã, sublinhou que há muitas questões por responder. “Perguntas tão simples como as de saber quantos são os membros destas comunidades; que idade têm; quantos nasceram em Portugal; quantos são os que não nasceram, há quantos anos aqui residem, onde e como vivem, quanto auferem, que graus de escolaridade detêm, que acesso a empregos, a habitação, a cuidados de saúde ou a bens e serviços lhes são negados?”, disse.
A não inclusão de uma questão sobre a origem étnico-racial no Censos 2021 foi uma das reivindicações mais ouvidas pelos ativistas que todo o dia encheram o auditório novo para ouvir os intervenientes nos vários painéis. Tal como a questão das quotas nas listas partidárias e nas universidades, algo que não é proposto no relatório.
Mas as maiores exaltações, aplausos e críticas foram para o artigo da historiadora Fátima Bonifácio, publicado este sábado no "Público" e que se insurge contra as quotas. “Perdeu-se a vergonha”, disse Pedro Bacelar de Vasconcelos, deputado do PS e presidente da Primeira Comissão.
Já antes, o sociólogo Rui Pena Pires, alvo das críticas de Fátima Bonifácio, tinha também dito que se tinha perdido a vergonha. “Fátima Bonifácio é um exemplo de que não se tem vergonha na cara. É um discurso preconceituoso que não tem só espaço no racismo. É adaptativo do populismo. E assume-se como alternativa ao politicamente correto. Perdeu-se a vergonha para exprimir preconceitos”, disse.
Também Franscica Van Dunem se referiu à historiadora sem, porém, dizer o seu nome. Em tom irónico, disse que só faltou a autora dizer que os habitantes do bairro da Jamaica têm umas casas extraordinárias na Lapa, mas não as querem. E que têm ofertas de emprego únicas, mas não lhes apetece.
Ainda que já 'fora de prazo' relativamente à data do seu texto, deixe-me dizer que concordo com a conclusão de que, sobre esta temática e no que diz respeito à discussão racional e objetiva, existe um certo manto - diáfano - de silêncio, particularmente por parte de quem sore ela mais deveria refletir. Penso que, em boa parte, a falta de vontade de debater se deve à quase impossibilidade de o fazer sem que imediatamente desatem aos 'gritos' grupos excessivamente entusiasmados, catalizados, expressa ou encapotadamente, por movimentos e partidos ansiosos de cativar votos que lhe permitam manter-se à tona da água.
ResponderExcluirHá umas semanas atrás refleti bastante sobre o assunto, e afixei o resultado no Mosaicos em Português, em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/06/racismo-o-homem-cor-de-rosa_26.html, que a convido a visitar e, se algum mérito encontrar no texto, a comentar.
Outros temas sociais são abordados no separador "Sociedade", que poderá querer consultar.
Votos de uma boa semana!