segunda-feira, 26 de julho de 2021

O MEDO DE LULA E BOLSONARO

 Eles temem que haja um terceiro candidato competitivo e não perdem oportunidade de desautorizar uma candidatura de centro

Ricardo Noblat

No mesmo dia, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro manifestaram por meios diferentes – um no Twitter, o outro numa entrevista à rádio – o mesmo medo. Os dois temem que haja um terceiro candidato competitivo nas eleições de 2022 e não perdem oportunidade de desautorizar uma candidatura viável de centro.

“A terceira via – escreveu Lula em sua conta no Twitter – é uma invenção dos partidos que não tem candidato. Falam em polarização… O que tem de um lado é democracia e do outro é fascismo. Quem está sem chance usa de desculpa a tal da terceira via.” E explicitando o seu receio de que haja uma reunião das forças democráticas em torno de um candidato de centro viável, o ex-presidente petista concluiu: “Seria importante que todos os partidos lançassem candidato e testassem sua força”.

Como se pode ver, Lula não mudou nada. Coloca-se, nada mais, nada menos, como a própria representação da democracia e, para completar o atrevimento, rejeita a possibilidade de que exista uma outra candidatura viável para enfrentar Jair Bolsonaro. É a “democracia” nos moldes petistas – só é democrático quem apoia Luiz Inácio Lula da Silva.

Além de mostrar a estreiteza de horizontes políticos que Lula e Bolsonaro querem impor à população, a tática revela a plena viabilidade de um candidato honesto, competente e equilibrado. De outra forma, Lula e Bolsonaro não estariam tão empenhados – quase que de mãos dadas, pode-se dizer – ridicularizando uma candidatura de centro.

A tentativa petista de monopolizar a oposição a Jair Bolsonaro tem um objetivo cada dia mais explícito. A polarização com o governo Bolsonaro é uma maneira de desviar a atenção do enorme passivo de corrupção, incompetência e negacionismo que marca a história do PT.

Lula não pediu desculpas à população pelos escândalos de corrupção do PT nem pelo desastre econômico que foi o governo de Dilma Rousseff. Também não explicou a razão pela qual está envolto em tantos processos penais, processos nos quais se defende por meio de questões formais. O País não ouviu até hoje do ex-presidente Lula nenhuma explicação para tantos mimos e agrados recebidos de empreiteiras.



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