sexta-feira, 4 de novembro de 2022

UDO KNOFF

Pode ser arte

 Horst Udo Enrich Knoff - Nascido na Alemanha, na cidade de Halle, em 20 de maio de 1912, falecido a 7 de junho de 1994, na cidade de Salvador, Bahia, filho único de casal de fazendeiros – Erich Alfred Wilhem Knoff e Klara Vom Muller Knoff – estudava agronomia, quando se apaixonou por uma estudante de belas artes. Com o intuito de ficar perto da sua namorada, matriculou-se nesse curso. Como era proibido estudar em mais de uma faculdade, abandonou belas artes e graduou-se em agronomia.

No ano de 1948, Udo Knoff casou-se com a artista plástica Ivotici Becker Altmayer. Na década de 1950, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Cerâmica Duvivier em Jacarepaguá. Tomou gosto pela expressão artística e matriculou-se em diversos cursos oferecidos pelo Museu de Arte Moderna, onde pôde experimentar diversas linguagens artísticas. Em 1952, a convite de Carlos Eduardo da Rocha, Udo Knoff foi a Salvador para expor uma produção de óleo sobre tela na Galeria Oxumaré e encantou-se pela cidade a ponto de mudar-se definitivamente. Abriu um ateliê de cerâmica na Avenida D. João VI, em Brotas que funcionava com cinco fornos para a queima das peças. Em seguida comprou um imóvel na mesma avenida, onde residiu até o fim da vida.
Em 1960, por indicação do Professor Mendonça Filho, foi contratado pelo Reitor Edgard Santos para lecionar cerâmica na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Em meados do ano de 1968, interessou-se pela azulejaria antiga das fachadas dos casarões da cidade e passou a coletar azulejos de construções em demolição. Formou, assim, um rico acervo. Iniciou pesquisa e levantamento desse material e, em 1975, foi a Lisboa, Portugal, no intuito de coletar material para finalizar a pesquisa de azulejos da Bahia, no conhecido Museu Madre de Deus, hoje Museu do Azulejo. Com esse material publicou o livro “Azulejos da Bahia” em 1986.
Na Bahia, o colecionador Udo Knoff reuniu azulejos de todos os períodos do Brasil (séculos XVII, XVIII, XIX e XX), além de reproduzir e produzir esta arte durante o século XX. A coleção do Museu Udo Knoff é composta por azulejos portugueses, ingleses, franceses, holandeses, mexicanos e belgas, telhas vitrificadas, pratos, jarros, reproduções de azulejos antigos e obras do artista. Com o olhar atento, o ceramista conseguiu reunir uma grande variedade de padrões de azulejos, estudou a origem, a composição e o tipo de argila com o objetivo de deixar registrada a maior fortuna que Portugal deixou para o mundo, assim como outros países que também desenvolveram esta arte e que aqui chegaram no século XIX, com a abertura dos portos.
O ceramista Udo Knoff, no trajeto de sua vida, dedicou-se à arte da cerâmica. O estudo da azulejaria foi alvo de suas pesquisas, ao buscar identificar a melhor argila, o melhor pigmento e os segredos da temperatura para o seu cozimento. Quanto à cerâmica utilitária ou objetos artísticos, o artista não se destacou, enquanto que a arte do azulejo o seduziu quando chegou à Bahia, ao se deparar com a variedade de exemplares que decoravam os belos casarões da cidade.
O ceramista atuou em diversos trabalhos de pintura de azulejos, seja como criador, seja apenas como executor. Envolveu-se com a manufatura de painéis de azulejos dos projetos de outros artistas, como: Lênio Braga (rodoviária de Feira de Santana), Carybé (casa de Jorge Amado e fachada da agência central do Banco do Brasil, em Salvador), Jenner Augusto (edifício do Banco do Estado de Sergipe e sede da Energisa), Genaro de Carvalho, Floriano Teixeira, Calazans Neto, dentre outros. Atuou profundamente em cópias e releituras de padrões de outros países, como Portugal e Espanha.

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