Dimitri Ganzelevitch
Tempo de eleições. Melhor não dar nomes aos bois. Mas o que tivemos que
engolir, durante anos, com tantos projetos e realizações inacabadas ou mal
acabadas, tudo custando os olhos da cara (da cara do contribuinte, claro!)
daria para ir a pé de Salvador a Lisboa.
Você alguma vez já ouviu falar de projetos alemães ou
japoneses? Não! Só de realizações. E muitas. Mas de projetos dos governantes
tupiniquins, as gavetas dos palácios oficiais estão cheias. Agora, de
realizações na afamada Boa Terra, nem uma calçada completa. Sempre faltará um
pedaço. Vamos passear pelo tal Centro Antigo, conforme bela denominação de uma
senhora de imaginação fértil e pouco poder executivo?
Na rua do Tesouro, nem olé nem olá: a república de
estudantes andaluzes, abandonada. Nunca ouviremos palmas flamencas. O palco
móvel do largo do Pelourinho, abandonado. Nem Marisa Monte nem Beethoven. A
Vila Nova Esperança virou Velha Desesperada.
Na praça Cairu, o mítico casarão
de fachada azulejada não será tão cedo Museu da Música e o esquelético casario
adjunto menos ainda. No Largo da Independência, um parquinho para a criançada
miserável do bairro teve toda a tela metálica roubada pouco depois de
inaugurada, brinquedos quebrados e nunca a areia, hoje receptáculo de todo tipo
de imundices, foi trocada. No Largo de Santo Antônio a parafernália metálica
destinada aos musculosos, mal soldada, já mostra sinais precoces de ferrugem e
carece dramaticamente de árvores, as grandes vítimas destas gestões. Na Baixa
dos Sapateiros, os passeios, recém-inaugurados, envelheceram antes do tempo.
Os moradores, resignados, não comentam mais nosso assalto a mão armada
de cada dia. Não adiantam Policia Militar, Civil e guardas municipais. Ah! Se
houvesse visita diária de outras Condoleezza Rice, outros Raul Castro, para, de
repente, desaparecerem mendigos, pivetes e aqueles montes de lixo em cada
esquina e até na cercania dos estabelecimentos hoteleiros...
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