segunda-feira, 12 de setembro de 2016

PROJETOS E OUTRAS PROMESSAS

Dimitri Ganzelevitch


Tempo de eleições. Melhor não dar nomes aos bois. Mas o que tivemos que engolir, durante anos, com tantos projetos e realizações inacabadas ou mal acabadas, tudo custando os olhos da cara (da cara do contribuinte, claro!) daria para ir a pé de Salvador a Lisboa.

Você alguma vez já ouviu falar de projetos alemães ou japoneses? Não! Só de realizações. E muitas. Mas de projetos dos governantes tupiniquins, as gavetas dos palácios oficiais estão cheias. Agora, de realizações na afamada Boa Terra, nem uma calçada completa. Sempre faltará um pedaço. Vamos passear pelo tal Centro Antigo, conforme bela denominação de uma senhora de imaginação fértil e pouco poder executivo?

Na rua do Tesouro, nem olé nem olá: a república de estudantes andaluzes, abandonada. Nunca ouviremos palmas flamencas. O palco móvel do largo do Pelourinho, abandonado. Nem Marisa Monte nem Beethoven. A Vila Nova Esperança virou Velha Desesperada.

 Na praça Cairu, o mítico casarão de fachada azulejada não será tão cedo Museu da Música e o esquelético casario adjunto menos ainda. No Largo da Independência, um parquinho para a criançada miserável do bairro teve toda a tela metálica roubada pouco depois de inaugurada, brinquedos quebrados e nunca a areia, hoje receptáculo de todo tipo de imundices, foi trocada. No Largo de Santo Antônio a parafernália metálica destinada aos musculosos, mal soldada, já mostra sinais precoces de ferrugem e carece dramaticamente de árvores, as grandes vítimas destas gestões. Na Baixa dos Sapateiros, os passeios, recém-inaugurados, envelheceram antes do tempo.

Os moradores, resignados, não comentam mais nosso assalto a mão armada de cada dia. Não adiantam Policia Militar, Civil e guardas municipais. Ah! Se houvesse visita diária de outras Condoleezza Rice, outros Raul Castro, para, de repente, desaparecerem mendigos, pivetes e aqueles montes de lixo em cada esquina e até na cercania dos estabelecimentos hoteleiros...


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