Como operação que levou ex-premiê de Portugal à prisão está ajudando a Lava Jato
Mamede FilhoDe Lisboa para a BBC Brasil
A prisão nesta segunda-feira do operador financeiro Raul Schmidt, em um apartamento de luxo em Lisboa, é apenas mais um capítulo do apoio das autoridades portuguesas à Operação Lava Jato.
Desde o ano passado, as investigações brasileiras contam com a colaboração oficial do país europeu – uma parceria que envolve a Operação Marquês, responsável por levar à prisão, no final de 2014, o ex-premiê de Portugal José Sócrates.
A cooperação entre os dois países começou em julho de 2015, quando autoridades brasileiras enviaram uma carta rogatória (instrumento jurídico de cooperação bilateral) solicitando o auxílio de Portugal à Lava Jato.
Como a investigação brasileira era muito semelhante à Operação Marquês – com foco na corrupção em alto escalão – e alguns dos investigados aparecem em ambas, o caminho natural foi o estreitamento da conexão entre os dois lados do Atlântico.
Na época do início da colaboração, a Operação Marquês já havia começado a investigar possíveis laços de Sócrates com a construtora Odebrecht. As suspeitas foram levantadas depois de o Ministério Público português descobrir que a empresa custeou uma viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lisboa, em outubro de 2013, na qual ele participou do lançamento do livro A Confiança no Mundo, de autoria do ex-premiê.
A Odebrecht confirmou a despesa, mas justificou que Lula viajou a Lisboa em razão das celebrações dos 25 anos da empresa. Além disso, afirmou que a presença do petista no lançamento do livro se deve à amizade que mantém com Sócrates.
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