Mas, na Bahia, é um pouco como os rios temporais do deserto,
que só de vez em quando e por poucas distâncias, reaparecem, podendo então causar
graves estragos. Por exemplo, quem ousa comprar um imóvel no bairro de Santo
Antônio, mesmo respeitando fachada e altura originais, deverá enfrentar a
burocracia e a má vontade deste órgão se quiser modificar os fundos para
adaptar a casa ás novas exigências da vida moderna, sob o surreal pretexto que
visto do porto, a fachada traseira do centro histórico não será conforme etc....
Mas construir agressivos puxadinhos no alto do imóvel, ou até imóveis inteiros
de vários andares de uma feiura constrangedora sem o mínimo alvará, há! Isso pode!
O autor receberá – se receber – uma ou duas cartas de conteúdo jurídico e
poderá continuar a obra sem receio. Já advirto: não adianta me ameaçar de
processo em difamação, como já tentou este órgão, porque tenho uma enciclopédia
de provas sobre a total e criminosa omissão deste e de outros escritórios de
inutilidade comprovada. Aliás, proponho organizar passeios (grátis) do centro
histórico a pequenos grupos que estejam interessados em comprovar que o rei
está nu.
Querem mais? Quando um restaurante tem a louca pretensão de colocar placas
de energia solar no terraço de seu estabelecimento, totalmente escondido da
visão do visitante, a resposta é negativa, talvez porque, visto desde um avião,
conforme a incidência do sol, poderá haver um reflexo denunciando as placas...
Seria risível se não fosse tão imbecil! Na hora em que estamos racionalizando a
eletricidade e a água, desengatar argumentos deste gabarito demostra claramente
que nossos governantes não dão um testão furado por um patrimônio da
humanidade.
Na realidade o IPHAN sofre de esclerose múltipla. Estrutura obsoleta
e cargos descaradamente políticos.
O resultado é a irremediável decadência do centro histórico.
Na Bahia não temos nem política de Cultura, nem política de Turismo.
Só band-aid.
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