Editorial Jornal A TARDE
26/07/2017
Quanto mais frágil é a
situação do presidente Michel Temer, mais integrantes de sua base aliada no
Congresso Nacional, revelando suas intenções no cumprimento dos mandatos
eletivos, aproveitam-se para tentar aprovar propostas e medidas que atendem
exclusivamente aos seus interesses. Isto só tem se acentuado neste momento em
que o presidente faz todo esforço para barrar a denúncia de corrupção que lhe
foi feita pela Procuradoria Geral da República.
Exemplo
claro é a atuação da chamada “bancada ruralista”, que, mostrando como moeda de
troca os 211 votos que possui na Câmara Federal, tenta fazer com que Temer
atenda inteiramente a seus interesses, mesmo que sejam em detrimento da
preservação dos recursos naturais do país. Com pouco mais de um ano, a gestão
do atual governo na área ambiental tem sido marcada por tímidos avanços e
grandes retrocessos, o que ameaça se agravar seriamente agora.
Área desmatada para produção agropecuária dentro da Floresta Nacional de Jamanxim. Foto: Daniel Beltrá
O
presidente tomou a decisão corajosa, em junho, de vetar a medida provisória que
reduzia a Floresta de Jamanxim, mas a coragem durou pouco tempo, uma vez que a
proposta de reduzir aquela área foi retomada, e a toque de caixa. Sob pressão,
Temer enviou ao Congresso não apenas o projeto que diminui o tamanho da floresta
e aprovou parecer determinando que apenas terras ocupadas por indígenas até
outubro de 1988 podem ser demarcadas.
Mas
outras propostas, tão ou mais importantes para a preservação da natureza, estão
sendo negociadas, como a flexibilização de regras para licenciamento ambiental,
liberação de agrotóxicos e venda de terras para estrangeiros. Por fim, na mesma
toada, o governo prepara medida provisória sobre dívidas de produtores ao
Funrural, com previsão de anistia de multas, descontos e maior prazo para
pagar.
Enquanto
os ruralistas festejam, os defensores do maio ambiente protestam. Resta à
sociedade se posicionar contra tais medidas que, para salvar o mandato do
presidente, ameaçam causar danos permanentes ao país e aos seus recursos
naturais.
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