Como alguns de vocês já sabem, minha esposa, Amanda Assis, sofreu uma apendicite no final de junho. Ela está bem agora e se recuperando rápido. Mas quero compartilhar aqui a saga pela qual passamos, agradecer a quem nos ajudou e deixar algumas dicas pra alguém que passe por situação similar.
Amanda é faixa preta sexto dan de Kobudo, uma arte marcial japonesa. Se um dia você tentar (e conseguir) cravar uma faca nela, ela provavelmente vai arrancar a faca, rir da sua cara, e revidar. Ela resiste a dor com facilidade e graça. Então, quando na manhã de sexta de 30 de junho ela me acorda sem conseguir levantar da cama por que estava com muita dor, eu sabia que algo estava errado. “Vamos pro Hospital.”, eu disse. “Tem certeza que é necessário?”, ela respondeu.
Sem dúvidas, fomos para o pronto-atendimento do Copa`dor. Fomos atendidos e rapidamente, após uma tomografia, veio o diagnóstico: apendicite. Apendicite é, na imensa maioria das vezes, um caso meio óbvio pra medicina. Remove-se o apêndice via cirurgia e pronto. Mas foi aí que nosso drama começou.
O diagnóstico se deu às 11h da manhã. Ela começou a tomar antibióticos e entrou em jejum (mantendo um ritmo forte de analgésicos para segurar a dor) para se preparar para a cirurgia. Bateu 14h e ainda nada de sair a “autorização” para a cirurgia. Vou na administração do Hospital, que começa a acusar o seguro da Amanda de não colaborar. Ligo pro seguro, em inglês (Amanda é americana e estava com seguro internacional), e eles dizem que estão seguindo um procedimento padrão e que o hospital não queria aceitar este procedimento. Às 18h chega no leito um senhor da administração do hospital dizendo que infelizmente o hospital não aceitaria o seguro, e que nós precisaríamos pagar a cirurgia e depois correr atrás do reembolso. Em bom português: um paciente com dores excruciantes precisaria pensar no desembolso instantâneo de R$50.000+ porque o Copa`Dor não aceitava “a política” da nossa seguradora.
O desespero começou a subir à cabeça. Eu estava pendurado ao telefone com os agentes do hospital e ao mesmo tempo debatendo em inglês com a seguradora. Foi então que liguei para Luiza de Siervi, para ver se ela me dava uma luz. E ela me disse: “liga pra meu amigo, o Davi Monteiro, pois ele faz parte do Movimento Chega de Descaso e pode te ajudar nessa situação.” Ligar pra Luiza, depois de ter insistido em levar a Amanda pro hospital, foi a ideia mais feliz do dia. Basicamente eu descobri o trabalho do Davi e ele salvou nosso dia. O MCD luta para que todos, seja no privado ou no público, tenham acesso digno à saúde, evitando que instituições massacrem indivíduos em situações vulneráveis.
Quando eu mostrei ao Davi a carta que o seguro havia enviado ao hospital, dizendo que cobriria a Amanda até 2 milhões de dólares caso fosse devido, ele me ensinou as palavras mágicas: “Diga ao hospital que você quer um LAUDO CONCLUSIVO do diagnóstico e que vai a juízo buscar uma LIMINAR para exigir a operação.”
BOOM!
Em 15 minutos a supervisora geral e o diretor financeiro do hospital estavam na sala e a partir daí tudo fluiu. Cirurgia autorizada e bola pra frente. Quero dizer, para colorir mais o dia, Amanda reagiu a um analgésico momentos antes da cirurgia e teve uma parada respiratória. Passando por uma experiência de quase morte na minha frente. Imaginem meu estado de nervos. Mas sobre isso falem direto com a Amanda, o que ela viu nestes momentos ela provavelmente nunca esquecerá.
Agora imaginem como são tratados senhoras e senhores aposentados, pessoas sem conhecimento ou mesmo ingênuas, totalmente frágeis frente a uma corporação como um grande hospital que decide que pode fazer o que bem entender, sobrepujando as leis e as regras. Foi impressionante como a apelação para meios legais simplesmente reverteu o cenário de cabeça pra baixo.
Isso não deveria acontecer e por isso que o trabalho do Movimento Chega de Descaso se torna tão importante. Existem leis. Existem regras. E a união das pessoas pode fazê-las valer.
Este post é um desabafo e um apelo. Esse movimento precisa de visibilidade pois está salvando vidas diariamente, incluindo a da minha esposa.
Sou cyberativista desse movimento. Convidei um monte de gente do Facebook para curtir a página e aderir ao movimento e somente quatro pessoas deram bola.Espero que os omissos nunca venham precisar deles.
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