quinta-feira, 27 de julho de 2017

TATUAGENS NEONAZISTAS


BBC Brasil reproduziu matéria originalmente intitulada "Far-right extremism: 'I'm ashamed of my Nazi tattoos'". Sua autora, Sangita Myska, foi nomeada uma das 50 pessoas mais influentes da Europa, concorreu ao prêmio de Jornalista do Ano no velho continente, e ao prêmio jornalístico da Amnesty International por sua investigação sobre tráfico internacional de crianças.
A matéria de Sangita trata claramente de como neonazistas no Reino Unido (como de resto em toda a Europa) trocam materiais didáticos de extrema-direita. Veja bem: são os nazistas, não eu, quem está dizendo que o neonazismo é uma ideologia conservadora — como se, em pleno 2017, ainda fosse preciso explicar que xenofobia é uma marca registrada da direita.
Aparentemente, ainda é preciso.

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Mesmo sendo uma matéria investigativa primorosa, ela não escapou da ira dos brasileiros. 35 minutos após ser publicada, ela já contava com mais de uma centena de comentários, compilados nessas duas imagens. A maioria acachapante é contundente em negar que o nazismo e o neonazismo sejam de direita, um debate já morto e enterrado em qualquer parte do Ocidente. Mas no Brasil, um país onde educação não se leva a sério, Mises e Carvalho são reis incontestes.
Os comentários sugerem que a matéria foi escrita por cotistas ou "barbudinhos e meninas de sovaco azul", atribuem erroneamente a Hitler uma fala de Gregor Strasser ("Nós somos socialistas, nós somos inimigos do sistema econômico capitalista atual de exploração dos economicamente fracos…"), que aliás foi fuzilado a mando do próprio führer, além de insinuar que a BBC (órgão independente mas ligado ao governo britânico, há mais de sete anos sob tutela do Partido Conservador) é comunista.
Não me surpreende que pessoas pensem assim. Surpreendente é que haja tantos, mas tantos, que batam no peito com orgulho enquanto vociferam sua mais absoluta ignorância. Mas vamos continuar sucateando nossas escolas e universidades, porque entre os brasileiros ainda há alguns poucos infiltrados pensando criticamente.

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