sábado, 29 de julho de 2017

OS DETALHES QUE FAZEM A DIFERÊNÇA

 Errado, já que esta rua nunca foi baixa Bos Sapateiros,
mas a continuação da Ladeira do Taboão

Nem só de projetos arrebatadores o centro histórico de Salvador precisa. Pequenas omissões podem infernizar a vida de moradores, comerciantes e visitantes.  Se alguém mandar uma carta para a Rua Direita de Santo Antônio, 103 e outra carta para a Rua Joaquim Távora, 356, elas chegarão – ou não, dependendo do carteiro - na mesma casa, hoje uma ruína. Quantas cartas e encomendas se perdem? Quantos táxis do aeroporto vagam por ruas e becos sem achar o endereço certo? A Coelba usa ambas as designações para dois imóveis vizinhos. A prefeitura costuma usar o nome original de Rua Direita de Santo Antônio.

Poluição visual

Quando da reforma ”Tsunami ACM”, muitas ruas recuperaram a nomenclatura original, como a Ladeira do Carmo, ex Luís Viana, enquanto a antiga Rua do Passo se manteve como Rua Ribeiro dos Santos, vá lá saber porquê... Na esquina com o Taboão, quatro placas: Antiga Ladeira do Pelourinho, Largo do Pelourinho, Largo Pelourinho e Praça José de Alencar.
Outra incongruência foi a substituição das placas tradicionais - de metal esmaltado, letras brancas sobre fundo azul escuro – por feiosas placas de acrílico. O último fabricante de placas metálicas desapareceu da Rua Rui Barbosa há muito tempo. Alguns espertalhões com certeza se deram muito bem com a mudança. 

Uma vergonha!

Também podem ser vistas placas de azulejos industriais, geralmente quebradas, tristonhas, como na escadaria do Passo. E por falar do espaço, famoso graças ao filme “Pagador de promessas”, é absolutamente inadmissível que, após dois anos, o gradil caído, enferrujado, não tenha sido recuperado. Não há turista que não registre em foto, selfie ou vídeo o escandaloso abandono. Dos inúmeros puxadinhos que agridem o antigo casario, comentar o quê senão a incompetência do IPHAN/Bahia? Mas o que esperar de um órgão a serviço de Geddel o Contraventor?

Aos estudantes que visitam este patrimônio da UNESCO, sugiro um jogo, uma caçada ao tesouro: procurar as lixeiras que a prefeitura deveria colocar e substituir com o mínimo de regularidade... A lista de descuidos e deslizes é longa. Venho batendo incansavelmente nas mesmas teclas por décadas sem o menor êxito. 

A prefeitura pretende reabilitar o centro histórico?

Como, por exemplo a agressiva placa de acrílico azul da Secretaria Municipal de Trabalho Esportes e Lazer, em plena ladeira do Boqueirão, contrariando a regulamentação do IPAC. Não há pior surdo que aquele que não quer ouvir... Será preciso entrar com ação no Ministério Público? E o belvedere da Praça Tomé de Souza, debaixo da prefeitura, interditada ao público há mais de três anos? 
E os planos inclinados que fecham dia sim, dia não?


Vinte cinco anos após a reforma, o centro histórico retorna a seu destino de fracasso, conforme, repetidamente, afirmava o Jorge Calmon.

Publicado no jornal A Tarde

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