Errado, já que esta rua nunca foi baixa Bos Sapateiros,
mas a continuação da Ladeira do Taboão
Nem só de
projetos arrebatadores o centro histórico de Salvador precisa. Pequenas omissões
podem infernizar a vida de moradores, comerciantes e visitantes. Se alguém mandar uma carta para a Rua Direita
de Santo Antônio, 103 e outra carta para a Rua Joaquim Távora, 356, elas
chegarão – ou não, dependendo do carteiro - na mesma casa, hoje uma ruína. Quantas
cartas e encomendas se perdem? Quantos táxis do aeroporto vagam por ruas e
becos sem achar o endereço certo? A Coelba usa ambas as designações para dois
imóveis vizinhos. A prefeitura costuma usar o nome original de Rua Direita de
Santo Antônio.
Poluição visual
Quando da
reforma ”Tsunami ACM”, muitas ruas recuperaram a nomenclatura original, como a
Ladeira do Carmo, ex Luís Viana, enquanto a antiga Rua do Passo se manteve como
Rua Ribeiro dos Santos, vá lá saber porquê... Na esquina com o Taboão, quatro
placas: Antiga Ladeira do Pelourinho, Largo do Pelourinho, Largo Pelourinho e
Praça José de Alencar.
Outra
incongruência foi a substituição das placas tradicionais - de metal esmaltado,
letras brancas sobre fundo azul escuro – por feiosas placas de acrílico. O
último fabricante de placas metálicas desapareceu da Rua Rui Barbosa há muito
tempo. Alguns espertalhões com certeza se deram muito bem com a mudança.
Uma vergonha!
Também
podem ser vistas placas de azulejos industriais, geralmente quebradas,
tristonhas, como na escadaria do Passo. E por falar do espaço, famoso graças ao
filme “Pagador de promessas”, é absolutamente inadmissível que, após dois anos,
o gradil caído, enferrujado, não tenha sido recuperado. Não há turista que não
registre em foto, selfie ou vídeo o escandaloso abandono. Dos inúmeros puxadinhos
que agridem o antigo casario, comentar o quê senão a incompetência do
IPHAN/Bahia? Mas o que esperar de um órgão a serviço de Geddel o Contraventor?
Aos
estudantes que visitam este patrimônio da UNESCO, sugiro um jogo, uma caçada ao
tesouro: procurar as lixeiras que a prefeitura deveria colocar e substituir com
o mínimo de regularidade... A lista de descuidos e deslizes é longa. Venho
batendo incansavelmente nas mesmas teclas por décadas sem o menor êxito.
A prefeitura pretende reabilitar o centro histórico?
Como,
por exemplo a agressiva placa de acrílico azul da Secretaria Municipal de
Trabalho Esportes e Lazer, em plena ladeira do Boqueirão, contrariando a
regulamentação do IPAC. Não há pior surdo que aquele que não quer ouvir... Será
preciso entrar com ação no Ministério Público? E o belvedere da Praça Tomé de
Souza, debaixo da prefeitura, interditada ao público há mais de três anos?
E os
planos inclinados que fecham dia sim, dia não?
Vinte cinco
anos após a reforma, o centro histórico retorna a seu destino de fracasso,
conforme, repetidamente, afirmava o Jorge Calmon.
Publicado no jornal A Tarde
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