Uma investigação sobre os millennials norte-americanos afirma que fazem seis vezes menos sexo do que as gerações do início do século. O que anda a distraí-los?
Uma coisa parecia inequívoca, através dos tempos: poucas atividades eram mais populares entre os jovens do que fazer sexo. Contudo, esse facto parece ter mudado, de várias gerações para cá. A fazer fé num estudo publicado no “Archives of Sexual Behaviour”, em 2014, realizado por investigadores da Universidade de San Diego a 26.600 pessoas, os millennials (geração nascida a partir de 1995) fazem seis vezes menos sexo do que os nascidos na década de 30. Ou seja, o apetite sexual diminuiu bastante (ou as distrações aumentaram?). Os autores do estudo consideram que o declínio na frequência sexual é parcialmente justificada pelo aumento do número de indivíduos solteiros ou sem parceiro estável, mas também se verifica uma diminuição do sexo entre os casados e com parceiros estáveis. O que significa que a tendência é generalizada.
Ryne Sherman, coautor do estudo, afirma que não tem de ser uma conclusão triste. “É muito possível que, para estes jovens, esta seja uma escolha de vida consciente.” Além disso, menos quantidade não tem de significar menos qualidade. Para a sexóloga Marta Crawford, o estudo faz-nos questionar “se a vida atual é excessivamente complicada, ou se padecemos de inércia sexual”. Confessa: “Depois de um dia intenso de consultas, não percebo como posso ouvir tantas e repetidas vezes queixarem-se de não terem tempo para estar um com o outro. Só me apetece dizer-lhes: Mexam-se, a solução não cai do céu. O tempo faz-se! Oiço demasiadas desculpas para não porem em prática o protocolo terapêutico, justificando a inércia com o aniversário da amiga, o período, a sogra, a birra do chefe, a chuva, os filhos em idade escolar, a tosse do periquito ou simplesmente ‘não sei’.”
Acrescem outros fatores: “Temos ainda os pequenos e sofisticados terroristas dos tempos modernos que se instalaram na cama dos casais, e ninguém (nem um nem o outro) os consegue tirar.” Claro, isto já para não falar da parafernália tecnológica que hoje existe e na década de 30 não era sequer sonhada... “Dantes, os terapeutas lutavam contra a televisão no quarto; agora lutam contra os smartphones e iPads. Os casais não vão para a cama um com o outro, vão para a cama com o seu smartphone e deitam-se lado a lado ‘a curtir’ o seu momento de liberdade e a afagar com likes os amigos das redes sociais. E o sexo? Uff! Não me apetece nada, dá muito trabalho, amanhã tenho que acordar cedo, depois fico com o cabelo sujo e não tenho tempo de o lavar, vai começar a nova temporada do ‘Game of Thrones’, a Netflix dá para ver no portátil, e disseram-me hoje que o ‘Popcorn’ nem precisa de password...”, ironiza. E deixa o alerta: “Todos os dias assisto à dificuldade de alguns casais se ‘encontrarem’ intimamente, regra geral porque ‘não têm tempo’. O maldito tempo ou a falta dele compromete o desejo, a excitação e o prazer. Quase todos falam na falta de tempo e na falta de vontade de estarem ‘juntos’ com o tempo que lhes resta. Muitas vezes pergunto-lhe se não é a falta de vontade que lhes tira o tempo?” Fica a questão.
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