EM 1948, EINSTEIN ESCREVEU UMA CARTA DENUNCIANDO ISRAEL POR GENOCÍDIO PALESTINO
Em meio às polêmicas da fala de Lula, internet
resgatou carta de Einstein denunciando fascismo
sionista: "uma organização
terrorista"
PUBLICADO EM 21/02/2024
O
físico teórico Albert Einstein
No último domingo, 18, o presidente Lula conseguiu
grande repercussão mundialmente ao comparar o atual ataque de Israel a
palestinos com o Holocausto — quando a Alemanha nazista comandada
por Adolf Hitler causou o genocídio de cerca de seis milhões
de judeus.
"Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um
exército altamente preparado e mulheres e crianças. O que está acontecendo na
Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento
histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus", disse
o presidente brasileiro.
Após a declaração, dada em uma visita à Etiópia, o primeiro-ministro de
Israel, Benjamin Netanyahu, não só contestou o chefe de Estado
brasileiro como o considerou uma persona non grata no país.
Embora Lula tenha sofrido represálias, como uma resposta emitida pela Confederação Israelita do Brasil (Conib),
o Brasil não foi o único a se posicionar contra a atuação de Israel.
Na última terça-feira, 20, conforme repercutido pela equipe do site do
Aventuras na História, Vusimuzi Madonsela, embaixador da África do
Sul nos Países Baixos, afirmou ao principal tribunal da ONU, em Haia, que a ação israelense em território palestino é uma forma "mais
extrema" do Apartheid sofrido por seu país entre 1948 e
1994.
"Como sul-africanos percebemos, vemos, escutamos e sentimos mais
profundamente as políticas e práticas discriminatórias desumanas do regime
israelense como uma forma ainda mais extrema do apartheid institucionalizado
contra as pessoas negras de meu país", disse. "O apartheid de Israel
deve terminar".
Diante de toda a crise internacional, a internet resgatou uma carta
escrita por Albert Einstein e outros intelectuais, denunciando
a ascensão do fascismo sionista em Israel.
O documento foi publicado pelo jornal norte-americano The New York Times em 3 de dezembro
de 1948. Leia abaixo na íntegra!
+ O que dizia a carta assinada por Einstein que motivou a criação da
bomba atômica
"Aos Editores do New York Times:
Entre os fenômenos políticos mais perturbadores de nossos tempos está o
surgimento no recém-criado Estado de Israel do “Partido da Liberdade” (Tnuat
Haherut), um partido político muito parecido em sua organização, métodos,
filosofia política e apelo social aos partidos nazistas e fascistas. Foi
formado a partir da adesão e seguimento do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização
terrorista, de direita e chauvinista na Palestina.
A atual visita de Menachem Begin, líder deste partido, aos Estados
Unidos é obviamente calculada para dar a impressão de apoio americano ao seu
partido nas próximas eleições israelitas e para cimentar os laços políticos com
elementos sionistas conservadores nos Estados Unidos. Vários americanos de
renome nacional emprestaram seus nomes para saudar sua visita. É inconcebível
que aqueles que se opõem ao fascismo em todo o mundo, se corretamente informados
sobre o histórico político e as perspectivas de Begin, possam adicionar seus
nomes e apoio ao movimento que ele representa.
As apreensões públicas da festa de Begin não são nenhum guia para seu
caráter real. Hoje falam de liberdade, democracia e anti-imperialismo, quando
até há pouco tempo pregavam abertamente a doutrina do Estado fascista. É nas
suas ações que o partido terrorista trai o seu verdadeiro caráter; a partir de
suas ações passadas, podemos julgar o que se pode esperar que ele faça no
futuro.
Antes que danos irreparáveis sejam causados por meio de contribuições
financeiras, manifestações públicas em nome de Begin e a criação na Palestina
da impressão de que um grande segmento da América apoia elementos fascistas em
Israel, o público americano deve ser informado sobre o histórico e os objetivos
de Begin e seu movimento.
Um exemplo chocante foi seu comportamento na aldeia árabe de Deir
Yassin. Esta aldeia, fora das estradas principais e cercada por terras
judaicas, não tinha tomado parte na guerra, e tinha até lutado contra bandos
árabes que queriam usar a aldeia como sua base. Em 9 de abril (THE NEW YORK
TIMES), bandos terroristas atacaram esta vila pacífica, que não era um objetivo
militar nos combates, mataram a maioria de seus habitantes 240 homens, mulheres
e crianças e mantiveram alguns deles vivos para desfilar como cativos pelas
ruas de Jerusalém. A maioria da comunidade judaica ficou horrorizada com o ato,
e a Agência Judaica enviou um telegrama de desculpas ao rei Abdullah da
Transjordânia. Mas os terroristas, longe de se envergonhar de seu ato,
orgulharam-se desse massacre, divulgaram-no amplamente e convidaram todos os
correspondentes estrangeiros presentes no país a ver os cadáveres amontoados e
o caos geral em Deir Yassin.
O incidente de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido
da Liberdade.
Dentro da comunidade judaica, eles pregaram uma mistura de
ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Como outros
partidos fascistas, eles foram usados para quebrar greves e pressionaram pela
destruição de sindicatos livres. Em seu lugar, eles propuseram sindicatos
corporativos no modelo fascista italiano.
Durante os últimos anos de violência esporádica anti-britânica, os
grupos IZL e Stern inauguraram um reinado de terror na comunidade judaica
palestina. Professores foram espancados por falarem contra eles, adultos foram
baleados por não deixarem seus filhos se juntarem a eles. Por métodos de
gângsteres, espancamentos, quebra de janelas e roubos generalizados, os terroristas
intimidaram a população e cobraram uma pesada homenagem.
O povo do Partido da Liberdade não teve qualquer participação nas
realizações construtivas na Palestina. Eles não recuperaram nenhuma terra, não
construíram assentamentos e apenas diminuíram a atividade de defesa judaica.
Seus esforços de imigração, muito divulgados, foram minuciosos e dedicados
principalmente a trazer compatriotas fascistas.
As discrepâncias entre as afirmações ousadas que agora estão sendo
feitas por Begin e seu partido, e seu histórico de desempenho passado na
Palestina não têm a marca de nenhum partido político comum. Este é o carimbo
inconfundível de um partido fascista para quem o terrorismo (contra judeus,
árabes e britânicos) e a deturpação são meios, e um “Estado Líder” é o
objetivo.
À luz das considerações anteriores, é imperativo que a verdade sobre o
Sr. Begin e seu movimento seja divulgada neste país. É ainda mais trágico que a
alta liderança do sionismo americano tenha se recusado a fazer campanha contra
os esforços de Begin, ou mesmo a expor a seus próprios eleitores os perigos
para Israel do apoio a Begin.
Os abaixo assinados, portanto, tomam este meio de apresentar
publicamente alguns fatos importantes sobre Begin e seu partido; e de exortar
todos os interessados a não apoiarem esta última manifestação do fascismo.
Isidoro Abramowitz, Hannah Arendt, Abraham Brick, Rabino Jessurun
Cardozo, Albert Einstein, Herman Eisen, M.D., Hayim Fineman, M. Gallen, M.D.,
H.H. Harris, Zelig S. Harris, Sidney Hook, Fred Karush, Bruria Kaufman, Irma L.
Lindheim, Nachman Maisel, Seymour Melman, Myer D. Mendelson, M.D., Harry M.
Oslinsky, Samuel Pitlick, Fritz Rohrlich, Louis P. Rocker, Ruth Sagis,
Itzhak Sankowsky, I.J. Shoenberg, Samuel Shuman, M. Singer, Irma Wolfe, Stefan
Wolfe".
As polêmicas
Um fato um tanto curioso é que, no início de sua carta, Einstein denuncia
o Herut, o "Partido da Liberdade", acusando-o de uma filosofia aliada
aos ideais nazistas e fascistas. Acontece que, em 1973, o partido político, que
representa os sionistas revisionistas, se coalizou com outros partidos e, dessa
fusão, surgiu o Likud - Movimento Liberal Nacional (que congrega a
centro-direita e a direita conservadora).
Em 1996, representante do Likud, Benjamin Netanyahu ganhou as eleições para primeiro-ministro de Israel, cargo que ocupou por três vezes: a primeira até 1999; a segunda entre março de 2009 e junho de 2021; e a última entre dezembro de 2022 e o atual momento. Já em dezembro de 2005, Netanyahu se tornou líder do partido, ocupando tal função até os dias atuais.
O premiê israelense Benjamin Netanyahu
Já sobre Menachem Begin, antes da criação do Estado de
Israel, em 14 de maio de 1948, ele atuava como líder do grupo de
militantes sionistas Irgun — que fora formado por dissidentes
revisionistas oriundos da maior organização paramilitar judaica: Haganah.
Em 1º de fevereiro de 1944, Begin organizou uma revolta
contra o Mandato Britânico da Palestina, se opondo à agenda judaica. Segundo
explicam John Mearsheimer e Stephen M. Walt em
'The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy', como chefe do Irgun, Menachem atacou
os britânicos na Palestina.
Pouco depois, o partido ainda lutou contra os árabes durante a Guerra
Civil no Mandato da Palestina entre 1974 e 1948. Como chefe do grupo, Begin foi
descrito pelo governo britânico como o "líder da notória organização
terrorista". Assim, seu visto de entrada ao Reino Unido foi negado em 1953
e 1955 — o documento só foi concedido em 1972, cinco anos antes dele se tornar
primeiro-ministro, revela o portal Haaretz.
Encerrando mais de três décadas de domínio do Partido Trabalhista, ele
foi eleito premiê em 1977. Sua conquista mais significativa foi a assinatura de
um tratado de paz com o Egito, dois anos depois — o que motivou ele e o líder
egípcio Anwar Sadat a ganharem o Nobel da Paz. O acordo fez
com que Israel entregasse a Península do Sinai ao Egito; o que causou a
demolição de todos os povoamentos israelitas da região.
Em 1982, ele ainda ordenou o bombardeio da usina nuclear de Osirak, no
Iraque, e a invasão do Líbano, que resultou na Guerra do Líbano no
mesmo ano. "De forma nenhuma iremos permitir que um inimigo desenvolva
armas de destruição em massa contra o povo de Israel", declarou à época,
mesmo sem provas, até hoje, de que a construção do reator teria fins para a
produção de armas de destruição em massa.
Menachem Begin se manteve no cargo até agosto de 1983, deixando a função por sua
decepção pela Guerra no Líbano e pela morte de sua esposa. Atrelado a isso, o
ex-premiê também enfrentava uma série de problemas de saúde.
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