quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

LEVARAM QUANTOS ANOS...

... PARA CHEGAR A ESTA CONCLUSÃO?

PF vê "indícios muito claros" de que dinheiro do narcotráfico foi para políticos corruptos.

Divulgação/PF

O delegado da Polícia Federal responsável pela Operação Efeito Dominó, Roberto Biasoli, disse nesta terça-feira (15) que há indícios de que dinheiro oriundo do narcotráfico tenha sido entregue a políticos e agentes públicos corruptos investigados pela Operação Lava Jato. “Há indícios de um vínculo muito claro do dinheiro do narcotráfico, em espécie, indo parar nas mãos de políticos”, afirmou Biasoli

A Operação Efeito Dominó foi deflagrada nesta terça-feira e prendeu oito pessoas, entre elas dois doleiros que atuavam para o narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, conhecido também como o “embaixador do tráfico”. Ele é apontado pela PF como o maior traficante de drogas do Brasil e um dos maiores do mundo. O vínculo entre o narcotráfico e as investigações da Operação Lava Jato é o doleiro Carlos Alexandre Souza Rocha, o Ceará. Em 2015, ele firmou um acordo de colaboração premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República) que foi homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

No acordo, Ceará afirma que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef como entregador de valores e mencionou repasses de dinheiro em espécie direcionados a diversos políticos como os senadores Fernando Collor de Melo (PTC-AL), Renan Calheiros (MDB-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG) --a acusação deste último foi arquivada. Os repasses teriam sido ordenados por empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato.  Biasoli diz que há indícios de que Ceará trabalhava como doleiro tanto para o narcotráfico quanto para o esquema investigado pela Operação Lava Jato. A suspeita é que dinheiro recebido por Ceará oriundo do tráfico de drogas era depois repassado a políticos e agentes públicos. 

De acordo com o delegado, há indícios de que Ceará prestou serviços financeiros ilegais a Cabeça Branca em 2016, período posterior à homologação do seu acordo de colaboração premiada. Biasoli afirma que, durante seus depoimentos à Operação Lava Jato, Ceará havia dito que ele seria atrativo a Youssef por ter acesso a dinheiro em espécie oriundo da venda de relógios e vinhos. O delegado diz acreditar que, na realidade, a liquidez à qual Ceará tinha acesso era resultado da sua atuação junto ao tráfico de drogas.

"Sistema de compensação" 


Divulgação/PF  Igor Romário de Paula, delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF no Paraná, afirma que os doleiros atuam como se fossem uma espécie de câmara de compensação bancária e que o dinheiro oriundo de uma atividade criminosa pode ser repassado a outro cliente que atue em outro ramo do crime. O delegado disse que, na maioria das vezes, os “clientes” dos doleiros não sabem a origem do dinheiro que estão recebendo. Não há indícios, segundo a PF, de que as empreiteiras ou os políticos investigados pela Operação Lava Jato soubesse que o dinheiro operacionalizado pelos doleiros tinha origem no narcotráfico. 

Em geral, doleiros usam dinheiro em espécie para realizar transações financeiras ilegais sem que as autoridades tenham conhecimento. Nesse meio, segundo a polícia, ter acesso a esses recursos com facilidade (liquidez) é extremamente valorizado. “Ele [Ceará] atende a diversos tipos de clientes, mas não há, necessariamente, uma vinculação entre eles. A atuação do que a gente chama de doleiro é um sistema de compensação”, afirmou o delegado. Biasoli disse que a prisão de Ceará será comunicada ao juiz da 13ª Vara Federal da Justiça Federal do Paraná, Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, à PGR e ao STF. Por ter, segundo a PF, continuado a atuar como doleiro, Ceará corre o risco de perder os benefícios que conseguiu ao firmar o acordo de delação premiada. 

Quem é Cabeça Branca.

Divulgação/PF

O traficante Luiz Carlos da Rocha, o "Cabeça Branca", que mudou de rosto para fugir Imagem: Divulgação/PF Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, é apontado pela PF como o maior traficante de drogas do Brasil e um dos maiores do mundo. Ele foi preso pela Polícia Federal em julho de 2017 durante a primeira fase da Operação Spectrum. Planilhas encontradas durante esta fase indicam que entre 2014 e 2017 ele tenha comercializado 27 toneladas de cocaína e movimentado pelo menos US$ 138 milhões. Em depoimentos à PF, ele admitiu seu envolvimento com o tráfico internacional de drogas. Cabeça Branca está preso na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

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