sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

DESDE QUE HAJA AUTO-CRÍTICA...

Reflexões de um pré-candidato
(antes de dormir)

Juca Ferreira

Tenho feito muitas reuniões disputando a indicação do meu nome para representar o partido nas próximas eleições.
Às vezes, tenho a sensação que todas elas são necessárias nas condições atuais de indefinição partidária, mas que são demasiadas e que eu deveria estar fazendo outras coisas, como cuidar da formulação da plataforma da candidatura e das políticas públicas.
Essas reuniões tem tido caracteristicas bem diferentes entre si. Em algumas delas, tenho me reunido com militantes que moram nas periferias de Salvador. São a chamada *base do partido*; sinto que a cota de esperança aumenta muito, e que esses militantes demonstram muita garra para conquistar uma sociedade mais humana, menos cruel e que são o tutano do projeto de igualdade e justiça social.
São os que apoiam o PT faça sol ou faça chuva e se identificam com o seu programa e tem em Lula sua principal referência política.
A principal característica comum é que são pobres, com níveis diferentes de pobreza, quase todos negros, jovens, adultos e alguns mais velhos.
Impressionante a lucidez e a capacidade de verbalização de alguns desses líderes e militantes. Sabem tudo, dão verdadeiras aulas, articulam um projeto político de igualdade e justiça social, democracia e se posicionam por um meio ambiente saudável, contra a violência e a corrupção. Sabem o que é luta de classes e não aprenderam nos livros...
Todos expressam uma coisa muito forte da cultura baiana: de que precisamos como projeto político enfrentar os sofrimentos que infelicitam boa parte da população e que devemos criar as condições para a felicidade e a alegria de todos.
Estou aprendendo muito fazendo essas reuniões...
Acho que todo o partido deveria aproveitar esse momento pré-eleitoral para se renovar, se revitalizar, sair da perplexidade.
Ontem uma das tendências políticas do PT, a Avante, fez uma plenária para tirar a posição e anunciar o apoio ao meu nome como pré-candidato à prefeito. Foi forte...
Quase todos eram militantes dos bairros periféricos da cidade, trabalhadores e trabalhadoras em geral, alguns da área da saúde, educação e alguns funcionários públicos.
A conversa se deu em um excelente nível político. Nas falas foram aparecendo os elementos para a formulação de políticas urbanas, setoriais e as principais preocupações que afligem nossa população em geral.
Ao final, aprovaram que me apoiariam. Querem conquistar a prefeitura para um projeto democrático e de justiça social.
O subtexto de tudo que foi dito apontava que meu diferencial deve ser representar um futuro governo comprometido com as pessoas, governar para melhorar a qualidade de vida, melhorar a educação, a saúde, a atenção básica, que em resumo é cuidar da saúde e não só depois da doença e possibilitar uma vida mais saudável; mais justiça social, menos desigualdade, mais e melhores creches públicas para apoiar as mulheres trabalhadoras e as crianças. Reforçaram uma idéia de que cimento não enche barriga de ninguém, só de empreiteiros...
Todos rejeitavam o autoritarismo do carlismo e a demagogia política e a cooptação feita pelo atual governo municipal; condenaram a prática costumeira de comprar lideranças dos bairros pobres com migalhas. Vários se referiram que a miséria fragiliza as pessoas e facilita a alienação e a submissão à essa política de compra e venda de lideranças praticada pelo poder.
Foi uma aula de como o Partido e militantes devem se relacionar com a sua base social.
O partido tem que reconhecer e valorizar o protagonismo politico dessas pessoas, sabê-las imprescindíveis para um projeto de transformação da sociedade e dar importância aos vínculos que as bases do PT têm com o povo pobre; é preciso tratar essa questão como algo fundamental, como o alicerce da nossa ação e do nosso projeto político e saber que se nós não formos diferentes dos políticos da direita que trabalham para o capital e os donos do dinheiro, inclusive nas atitudes mais comesinhas e na linguagem, não teremos nenhuma função nem apoio.
Essas reflexões são válidas todo o tempo e não só em períodos pré-eleitorais. Sai feliz e reflexivo, como frequentemente tenho estado nesses dias de pré-campanha.
Senti que nós podemos. É só querer!"

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