terça-feira, 28 de janeiro de 2020

SOBRE PROJETOS E VETOS

A imagem pode conter: 2 pessoas, textoEssa semana o prefeito de Salvador e um vereador do Partido Verde protagonizaram nas redes sociais um "debate" sobre um projeto de lei, vetado pelo primeiro, que proibia o "Arrastão" que acontece na Barra em direção a Ondina, na quarta feira de cinzas. 
Os argumentos, basicamente, colocavam em oposição a tradição da igreja que não deveria ser alterada pelo estado laico, e a liberdade de expressão que, pasmem, não poderia ser proibida por argumentos religiosos também por ser o estado laico!!!!!!!! Inacreditável... a primeira coisa a observar é como a laicidade virou uma panaceia política para todos os lados, tanto para quem "defende" como para quem "ataca". Isso só aponta para a falta de noção, por parte dos senhores gestores, tanto executivos como legislativos, do sentido desse termo. 
Falta de noção, aliás, é na verdade a principal característica que ambos demonstraram nesse episódio, com argumentos tão superficiais que a gente chega a pensar que é uma coisa combinada. 
Como é que o vereador apela para a "tradição" quando a festa já foi completamente dessacralizada, e distorcida quanto a seu formato original? 
Ora bolas, fosse para seguir a orientação religiosa, a primeira coisa a fazer era retornar o evento para os 3 dias previstos, e, esses sim, ortodoxos. 
Se não faz isso, ele está querendo o quê, fazer uma média com a Igreja, trocando 1 dia de quarta-feira de cinzas por 15 de festa? 
Já o prefeito é motivo de risada quando apela para a liberdade individual, ou mesmo ao citar a liberdade, já que não somente no Arrastão mas em toda a festa momesca a liberdade de escolha dos moradores da Barra é totalmente abafada, sendo a eles imposta uma "comemoração" independente de quererem ou não participar da mesma, implantando um verdadeiro estado de exceção no bairro. 
Agora, enquanto um mais teatro se monta na Câmara Municipal, é importante que fique publicamente registrado: Carballal ou Neto, o cidadão tem seus próprios "projetos", que dizem respeito à defesa de seus direitos civis, de ir e vir, de sossego, de inviolabilidade do lar, e não têm relação com quaisquer de suas querelas políticas, sejam elas verdadeiras ou simuladas. 
Gestores passam, a cidade fica.

MARCELO MENEZES

COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO. A razão desta quarta-feira de inferno? Muito simples: pressão dos empresários parceiros do prefeito...

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