quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

O FIM DOS POBRES

Carlos Eduardo Novaes


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Não sei se você já reparou mas nunca se falou tanto em tanto dinheiro como nos últimos tempos. É milhões para lá, bilhões para cá, seja para o país ganhar ou economizar (a longo prazo). Paulo Guedes chegou até ao trilhão se referindo à Previdência!
Enquanto isso, do outro lado de Gotham City, o número de miseráveis continua crescendo e já são 13 milhões de brasileiros vivendo com menos de R$ 145,00 por mês. O economista Marcelo Neri da FGV afirma que “o país resolveu economizar às custas dos mais pobres”. No que faz muito bem. Pobre só atrapalha o desenvolvimento nacional. Não tivéssemos 53 milhões de pessoas vivendo na linha da pobreza – com menos de 402,00 por mês - e já teríamos, há tempos, uma cadeira – talvez uma poltrona – no Primeiro Mundo.
Bem declarou o ministro Paulo Guedes em tom crítico que “os ricos capitalizam seus recursos. Já os pobres consomem tudo”. Por que – pergunto eu – ao invés de ficarem consumindo tudo, os pobres não fazem como os ricos e capitalizam seus recursos? Você responderá: porque os pobres não tem recursos! Meia verdade! Tanto tem recursos que, como diz o ministro, consomem tudo. Se o dinheiro gasto por eles consumindo fosse usado para capitalizar seus recursos talvez não houvesse mais pobres no país.
Nesses meses como ministro, o milionário Paulo Guedes já demonstrou que tem horror a pobres. Se pudesse mandaria todos eles a Cuba ou Argentina. Ou os trancafiaria em presídios (de segurança máxima) para evitar que saíssem por aí consumindo tudo e deixassem os ricos capitalizarem seus recursos em paz. Mas quem então faria o trabalho “sujo”? A classe-média? Nunquinha! A classe-média é subalterna dos ricos e também quer capitalizar seus recursinhos.
Mas Paulo Guedes não vai desistir. Ele segue com uma fidelidade canina as teorias de Delfim Netto que quando ministro da ditadura anunciou que era preciso fazer crescer o bolo para depois reparti-lo. Repartir com quem, cara pálida? Só se for entre os ricos porque os pobres estão esperando até hoje por essa divisão (e vão continuar esperando).
Percebe-se aqui e ali que Guedes não está sozinho nessa cruzada para liquidar com os pobres. Agora mesmo o elitista e perfumado Supremo revelou-se um aliado de peso ao optar pelo transito em julgado. Com isso vai permitir que os ricos saiam da cadeia e possam capitalizar seus recursos. Quanto aos pobres, que não podem pagar advogados por 10,20 anos para empurrarem seus processos, estes continuarão vendo o Sol quadrado. Parabéns ao Supremo que com essa decisão está retirando quase 800 mil presidiários pobres das ruas. Paulo Guedes deve estar exultante.


NOTA: Esse texto foi escrito em 08/11/2019 e repito agora em “homenagem” às declarações de Paulo Guedes em Davos.

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