quinta-feira, 14 de abril de 2022

A COLUNA DE ALEX FERRAZ

 

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QUANDO O POVO DE SALVADOR IRÁ EXIGIR UM SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO DECENTE?

Coluna "Em Tempo" publicada na "Tribuna da Bahia"

O transporte coletivo em Salvador que é caro e ruim está cada vez pior e não há sinais de melhora.
Só mesmo um povo coagido pela ignorância, miséria, fanatismo religioso e violência absurda pode suportar a tortura que é imposta pelos serviços públicos em geral, como acontece escandalosamente no Brasil.
Tomemos como exemplo a cidade de Salvador, tão bela e "acolhedora", no setor do transporte público não é nem uma coisa nem outra. Com seriedade fingida (na verdade, sisudez que os faz passar por homens sérios), governantes, seus auxiliares e políticos enchem a população com discursos de falsas soluções para o caos, enquanto a realidade mostra a situação cada vez pior.
Usuários de ônibus da capital baiana, por exemplo, sofrem verdadeira tortura diária com a demora e o criminoso desconforto dentro dos ônibus. E mais, com a extinção de vários itinerários, deixando às pessoas a difícil tarefa de andar até quilômetros para poder pegar um ônibus.
No entanto, os empresário do setor ganham cada vez mais, e quando há qualquer sinal de prejuízo (sic), não titubeiam em pular fora, deixando a população e trabalhadores das empresas ao léu.
Um absurdo para o qual não parece haver solução decente à vista. Entra prefeito, sai prefeito, entra vereador, sai vereador, e a situação continua vergonhosa. Poucos ganham muito para silenciar diante do caos. Podem crer.

POVO SUBMISSO
Algumas pessoas da população usuária do sistema têm a noção de protestar, mas a maioria esmagadora, como gado, submete-se à tortura silenciosamente.
Outros falam: "fazer o quê?", "Me apego com Deus" etc., enquanto se espremem nas latas velhas com rodas rumo a um trabalho no mais das vezes pessimamente remunerado.

"VENCIDINHOS": SINAL DE POBREZA EXPLÍCITA
A alta dos preços da comida, aliada ao desemprego e aos salários defasados, fez surgir em São Paulo uma nova modalidade de mercadinho. Chamados de "vencidinhos" pela população, eles são especializados na venda de produtos com data de validade prestes a vencer a preços muitas vezes até 70% mais baratos. Um pacote de carne que custa 65 reais num supermercado de rede e com prazo de três dias para vencimento da validade, por exemplo, pode sair por 20 reais.

FRASE: "O pior governo é o mais moral. Um governo composto de cínicos é frequentemente mais tolerante e humano. Mas quando os fanáticos tomam o poder, não há limite para a opressão." (H. L. Mencken, 1880-1956, jornalista e crítico social norte-americano)

PETROBRA$$$ COMPENSA
Quem preside a Petrobras é bem recompensado pelas dores de cabeça e execração pública.
Afinal, o salário, com gratificações, passa dos 200 MIL REAIS MENSAIS. Além disso, tem participação nos lucros em torno de 1,5 milhão de reais no fim do ano. Dá pra encher o tanque toda semana... O Brasil é, realmente, uma piada tragicômica e nosso povo, não sei não...

FALANDO ASNEIRAS
No recente jogo entre Palmeiras e São Paulo, transmitido pela Record, um comentarista, ao discutir sobre mão na bola ou bola no braço, disse, em tom sério: "Infelizmente acontece, até porque é preciso entender que os braços fazem parte do corpo humano; o jogador não pode amputar os braços para entrar em campo." Nossa!

PANDEMIA
A notícia: "O surgimento de novas variantes da Covid-19 na China e a ascensão de uma cepa potencialmente mais contagiosa no Reino Unido trouxeram de volta o foco no risco contínuo representado pelo vírus." Pois é, justamente quando, o Brasil, num momento de euforia com nítidas características político-eleitorais, abandona as máscaras, prepara carnavais, anuncia festas juninas e abre as fronteiras. Será que estamos exagerando? A China, mãe do vírus, pelo contrário, está se fechando.
FRASE: "Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito." (Abraham Lincoln)

CRIMINALIDADE: A REALIDADE TEIMOSA BRIGA COM OS DADOS OFICIAIS
Vira e mexe, nos deparamos, aqui na Bahia, com notícias sobre a "redução" da criminalidade. A mais recente, divulgada na semana passada, diz que "crimes violentos letais e intencionais - homicídio, latrocínio e lesão dolosa seguida de morte – caíram 12,6%, em todo o estado, no primeiro trimestre de 2022, quando comparado ao mesmo período de 2021. Entre 1 de janeiro e 31 de março deste ano, 184 vidas foram preservadas, saindo de 1.461 para 1.277 crimes contra a vida."
Curiosamente, a sensação que temos ao ver o noticiário diário é diferente. A sensação nítida é que está se matando mais. Tiros já banalizados tiram vidas a qualquer hora do dia, em qualquer lugar, oriundos de armas de bandidos e de policiais. Os motivos, se é que há motivos que justifiquem tirar a vida de alguém, são cada vez mais banais.
Insistir em maquiar estatísticas, por si só suspeitas, é também um crime. Mais do que isso, uma covardia daqueles que, há muitas décadas, insistem em ignorar as reais raízes da banalização da violência.

A RAIZ DO PROBLEMA
Ainda sobre a violência cotidiana, convém lembrar que a adesão fácil da população jovem e marginalizada ao crime tem como causas principais um conjunto de situações, tais como: miséria absoluta, educação pífia e ausência do Estado nas comunidades crescentes de miseráveis.

LEGISLANDO EM CAUSA PRÓPRIA
Para completar, o Poder Legislativo, principalmente o Congresso, jamais se preocupa em endurecer as leis e a justiça, seguindo a legislação benevolente, devolve às ruas com impressionante rapidez perigosos criminosos.
Fica a suspeita que tal indiferença do Legislativo é ação em causa própria, afinal, tantos deles viram réus...

ANGRA DOS INCOMPETENTES
Noticiário na TV revela que em 2013 a Prefeitura de Angra dos Reis recebeu estudo indicando a necessidade urgente da retirada de centenas de moradores das áreas de risco.
O prefeito da época prometeu construir conjuntos habitacionais em regime de urgência para isso. Nunca foi feito nada. Pois é.
Sugestões e críticas: alexferraz10@gmail.com
P.S.: não resisti a esta foto do povo empurrando um ônibus urbano em Alagoas. É demais, mas é a síntese do Brasil.

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