quinta-feira, 14 de abril de 2022

UM OVNI ENTRE NÓS

Fartamente divulgado nas redes sociais, um objeto estranho – e sem a mínima beleza - pousou um belo dia no Largo de Santo Antônio. Um grande cubo colocado em equilíbrio numa das oito pontas. Na base, um texto elogia os 90 anos da criação do Rotary na Bahia e menciona os nomes do prefeito e outras vaidades. 

Para quando a proibição das placas comemorativas?

Diz o Google: 

O Rotary International é uma associação de clubes de serviços, cujo objetivo declarado é unir voluntários a fim de prestar serviços humanitários e promover valores éticos (expressos através da Prova Quádrupla) e a paz a nível internacional (....) O primeiro Rotary Club foi fundado na cidade de ChicagoEstados Unidos, em 1905 pelo advogado Paul Harris e mais três homens de negócios”.

Com uma filosofia tão profundamente humanista, logo aparece a pergunta que não quer calar. Porque colocar este trambolho num bairro que nunca usufruiu da Prova Quádrupla e não aproveitar a oportunidade para instalá-lo lá na Praça da Independência de Kiev, concretizando assim a defesa da paz internacional?

Por enquanto não se sabe de nenhum morador do bairro do Santo Antônio beneficiado por serviços sociais da dita associação, nem mesmo os que moram a perigo nas encostas vizinhas. 

Ou estou errado?

Mas o problema é muito mais em cima. Trata-se, mais uma vez, das decisões envolvendo os diferentes bairros de Salvador que são tomadas – tanto a nível municipal com estadual – sem que absolutamente ninguém de nós seja consultado. Já vou descartando a eventual conivência da meia-dúzia que, como os budas das lojas de R$2,99, tudo aprova.

Vamos organizar um plebiscito para saber quem é a favor e quem é contra? Urna eletrônica, por favor. Chega de improvisar projetos levianos para justificar gastos irreais que irão beneficiar um punhado de espertalhões. Interferem durante anos no nosso quotidiano, prejudicando nossa qualidade de vida.

Passamos mais de dois anos de obras infernais da CONDER, obras essas que ainda não terminaram, mas cujo pífio resultado já se pode constatar. Apesar de tanta mediocridade, esta parte do centro histórico virou moda e tem até quem pretenda mudar o nome das ruas!

Uns dez anos atrás conseguimos nos livrar de uma riquinha que pretendia transformar a Rua Direita em centro comercial e chegou a me processar. Escapamos por pouco. Mas aquilo que antigamente era esnobado pela burguesia tupiniquim agora é chique. E haja desfile de deslumbrados nos passeios mal calçados desde o Largo do Carmo até a Ladeira do Baluarte! Até parece o Shopping Salvador em fim de semana.

Felizmente, existe no bairro quem ousou clamar: ”O rei está nu! ” e transformou, num toque de varinha de condão, o óvni em hilário dado gigante.

O humor nos salvará.

Dimitri Ganzelevitch

A Tarde, sábado 15 de abril 2022.

 

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