sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

GARRANOS NO PLANALTO

Garranos: os belíssimos cavalos selvagens do Gerês

Estiverem quase a desaparecer mas hoje ainda correm livres pelas montanhas do parque. Conheça os garranos, os cavalos selvagens do Parque Nacional Peneda Gerês.



Presença marcante no Noroeste Ibérico, o Garrano desenvolveu laços estreitos com o homem, servindo o povo nos tempos de paz e de guerra. No fundo, esta é uma das raças que se funde com a história do nosso país, pela sua forte presença na vida quotidiana ao longo dos séculos.





Foi companhia de nobres, lavradores, padres e generais, servindo os seus donos sem hesitações, fosse qual fosse o caminho. Durante a II Guerra Mundial, foram usados para transportar minérios das minas mais recônditas do nosso país.

Em 1943, o subsecretário de Estado da Agricultura constituiu um grupo de 21 garranos, de modo a se assegurar a preservação da raça em liberdade. A ideia era que não existissem cruzamentos de raças, de modo a que o garrano não se extinguisse. Estes cavalos foram também considerados uma espécie protegida, podendo hoje ser contemplados no estado selvagem, sobretudo no Planalto de Castro Laboreiro.

Qualquer um que contemple a raça no seu habitat natural tem uma experiência incrível, com os seus movimentos a terem sido já descritos como poesia em movimento. Esta espécie é uma das mais raras e uma das últimas verdadeiramente selvagens do planeta.

Quando as fêmeas entram no período do cio, acompanham de forma permanente o garanhão, elemento que mantém a coesão do grupo. Na época dos combates, os machos enfrentam-se e batalham pela posse do harém, recorrendo às dentadas e aos coices. As fêmeas, por sua vez, acompanham os potros. 


Vivendo em estado selvagem, os garranos têm alguns inimigos, com destaque para o lobo-ibérico, que leva os cavalos a adotarem um sistema defensivo em círculo, com os potros no meio, com o círculo exterior a repelir os lobos ao coice.

O lobo ataca também as fêmeas quando estão a parir, altura em que se encontram particularmente indefesas e frágeis. Desta forma, os lobos podem atacar a cria ainda antes de o nascimento estar concluído, estratégia que usam também com outros animais.

Não há dúvida de que os cavalos Garranos são verdadeiramente especiais, até porque, ao contrário do que aconteceu com raças como a do Puro-Sangue Lusitano, não foi selecionada pelo Homem, tendo sido moldados pelo ambiente ao longo dos séculos.

Portanto, urge continuar com o trabalho de preservação desta espécie tão singular, para que as gerações seguintes o possam conhecer de perto.

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