NOSSA GUERRA CIVIL

'Era um sonho', diz gestor do 

Villa Leonor Suites, 

que fechou as portas 

em Santa Teresa

Empresário desistiu de tocar seu próprio negócio devido à violência no bairro

RIO - Dez meses. Esse foi o tempo de duração do Villa Leonor Suites, em Santa Teresa, na gestão de Christian Gripp Gibaja, de 42 anos. O motivo? A violência no bairro associada à crise. Aos 42 anos, ele desistiu de tocar o hostel especializado em turistas estrangeiros. Atuando por 14 anos como funcionário de uma rede hoteleira, Christian Gibaja largou tudo para se dedicar ao próprio negócio. Arrendou o espaço em setembro do ano passado para atender aos turistas que vieram para a Olimpíada. O imóvel, que fechou as portas em junho, passou por quatro assaltos, conforme adiantou o colunista Ancelmo Gois.

— Esse era um sonho. Trabalhei muito para isso. Mas, no momento, ele será adiado. E espero que um dia ele se realize. A gente fica com medo e também acaba sofrendo ameaças. É melhor fechar as portas porque não tem um órgão competente que nos projeta. Foi melhor para os hóspedes. Já estávamos pensando em fechar por causa da violência. E ainda pegamos um cara dentro do estabelecimento, ele tinha arrombado as portas — lamentou o empresário, que começou como estagiário na rede Marriott, passou pelo almoxarifado, contas a pagar, tesouraria até chegar ao setor financeiro.

Christian contou que também houve impasses com o dono do imóvel quanto ao preço do aluguel, já que não estava tendo retorno financeiro:

— O valor estava muito alto, e não estávamos tendo retorno. Não estava valendo a pena. Após o carnaval, baixou a clientela - as reservas já não fecharam em 100%, ficou em 80%. Depois, piorou. Com medo, os turistas com reservas - até para uma semana - chegavam e cancelavam ou passavam apenas uma noite no estabelecimento, por causa dos cartazes vistos por Santa Teresa, que avisavam sobre constantes assaltos no bairro. Com isso, decidi atender somente aos que já haviam feitos reservas. Desde abril, a gente só estava atendendo às reservas.

— Fizemos um investimento alto. A casa era antiga, tivemos que fazer mudanças e, ao mesmo tempo, não conseguimos ter um retorno positivo. Isso foi horrível para a gente. Já chorei e já fui confortado. Agora estou estudando até a possibilidade de se mudar do país — disse o empresário, afirmando que pensa em ir para Portugal.