... DE ESPANHA E PORTUGAL
Paulo Ormindo de Azevedo
Estava em Madri no 1º de outubro quando se realizou o plebiscito na Catalunha. Por toda parte no país havia bandeiras e manifestações contra os independentistas. O ETA, basco, que havia, há pouco, renunciado a luta pela separação, voltou atrás. O medo dos espanhóis é que outras regiões também queiram se separar. Nos dois casos a questão é identitária e econômica e tem raízes na era Franco, que proibiu o uso dos símbolos e línguas regionais e centralizou a economia. A região basca, que possuía até meados do XX importantes estaleiros, se encontrava em profunda depressão e sua autonomia seria a saída para a situação. A coroa espanhola adotou uma política inteligente.
Deu autonomia fiscal à província e transformou Bilbao em um destino turístico mundial, com o Museu Guggenheim, de Frank Gehry, e um novo aeroporto, de Calatrava.
O caso da Catalunha é o oposto. A província é a locomotiva da Espanha e não quer puxar a carga do país. É a contra-revolução dos ricos contra os pobres, movimento semelhante à Liga Lombarda, na Itália, e ao nosso “O Sul é o nosso país”, que reúne os estados do R.G. do Sul, Sta. Catarina e Paraná, mas não emplaca. Dificilmente a Espanha dará autonomia fiscal à Catalunha e o turismo virou uma praga em Barcelona.
Espanha e Portugal têm desemprego altíssimo de 18%, mas não se vê nos semáforos e nos metrôs, porque lá há seguro desemprego e requalificação profissional. Não se vê favelas e uns poucos pedintes são imigrantes “indocumentados”. Como é diferente a nossa pseudopolítica social? As cidades, mesmo as pequenas vilas, estão cuidadas, porque os municípios são fortes e não há o garote do governo central, como aqui, herança do escravismo, do império, e das ditaturas.
Espanha e Portugal têm desemprego altíssimo de 18%, mas não se vê nos semáforos e nos metrôs, porque lá há seguro desemprego e requalificação profissional. Não se vê favelas e uns poucos pedintes são imigrantes “indocumentados”. Como é diferente a nossa pseudopolítica social? As cidades, mesmo as pequenas vilas, estão cuidadas, porque os municípios são fortes e não há o garote do governo central, como aqui, herança do escravismo, do império, e das ditaturas.
O céu do norte de Portugal também está cinza, mas devido aos incêndios florestais, que em 40 dias mataram 100 pessoas. Cerca de 60 suspeitos foram presos acusados de provocarem alguns dos 440 incêndios. Lucram as empresas de aviões que combatem o fogo, do carvão, da madeira e do reflorestamento. Errar é humano, superfaturar é corporativo!
SSA: A Tarde de 22/10/17
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