sexta-feira, 20 de outubro de 2017

ITAPARICA SEM COLETE

Portal Metro1

Internacional deixa passageiros do ferry sem colete para evitar “escândalo”

Internacional deixa passageiros do ferry sem colete para evitar “escândalo”

Enquanto na teoria a Internacional Travessias, empresa que administra o sistema ferryboat, faz questão de frisar seu comprometimento com a “qualidade e segurança”, na prática parece não ser bem assim que as coisas funcionam. No último feriado, a administradora Bárbara Lima embarcou no ferry Agenor Gordilho acompanhada do marido e da filha de 2 anos em direção à ilha de Itaparica. Por segurança, a família logo procurou os coletes salva-vidas, mas foram impedidos de usar o item.
“O primeiro funcionário nos informou onde os coletes ficavam e nós pegamos. Eles ficam dentro de caixas trancadas. Só que outro funcionário do ferry passou e pegou os coletes de volta. Ele disse que estávamos ‘incitando o pânico’ e que coletes eram para o caso de necessidade, de acidente, que não era direito do passageiro usar preventivamente”, contou. Com a negativa da família em devolver o material, o funcionário, então, permitiu o uso para “evitar escândalo” — o pior é que toda ação teve o aval da empresa, que adota a negativa como prática.

Internacional não acha “necessário”... 
Como se não bastasse, na volta para Salvador a família encontrou situação ainda pior no ferry Dorival Caymmi, onde os funcionários da Internacional se recusaram a informar onde o colete salva-vidas era guardado. Procurada pela Metrópole, a empresa afirmou que não “vê necessidade” no uso preventivo “para evitar situação de pânico e/ou tumulto desnecessário”. “Numa eventual emergência, o comandante informará no sistema de som e a tripulação estará preparada para auxiliar os passageiros”, disse, em nota.

...Mas a capitania exige
Mas não é assim que a Capitania dos Portos, responsável pela fiscalização dos itens de segurança de navegação, vê a situação. De acordo com o comandante Flávio Almeida, do 2º Distrito Naval, a negativa da Internacional em fornecer o colete salva-vidas é errada. 
“Se o usuário entra na embarcação e pede o colete, a empresa tem que dar. Ele não é obrigado a usar, é diferente. É o que está previsto na norma”, esclareceu. O comandante ressaltou que, após a formalização da queixa, a empresa será multada por não atender as normas de segurança.
Agerba garante que irá investigar
Apesar de ser responsável por fiscalizar o serviço prestado pela Internacional, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) afirmou apenas que irá apurar a situação.
A empresa negou a denúncia de que os coletes ficam praticamente escondidos. “Todos os equipamentos de salvatagem e segurança estão dispostos em locais visíveis, devidamente sinalizados, de acordo com o Plano de Segurança de cada embarcação”, disse. Mas para a administradora Bárbara Lima, a sensação que fica é a de que um novo desastre, como o que matou 19 passageiros da lancha Cavalo Marinho I, pode acontecer a qualquer momento. “Em um naufrágio, daqui que as pessoas procurem, achem e consigam vestir os coletes, muitos corpos já estarão boiando”, desabafou.

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