domingo, 29 de outubro de 2017

O ICBA ESTÁ DE PARABENS!

COMO NOS VELHOS TEMPOS DA DITADURA MILITAR...


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Pessoas, gostaria de relatar algo que vivi ontem a noite que me levou a um estado de emoção e de esperança indescritível. Ontem, o tal do pastor Isidoro, conseguiu uma liminar contra a exibição da peça "O Evangelho Segundo Jesus Rainha do Céu". Cheguamos eu, Tacilla e Karina Paz as 18:00 e estava suspenso o espetáculo, passaram-se 2 horas e a outra sessão marcada apara as 20:00 também não aconteceu. De repente avisam que o advogados do FIAC, Emerson Almeida Cabral, tinha analisado a liminar e viu que a mesma era contra a prefeitura e os espaço da Barroquinha, com isso eles poderiam exibir a peça em outro lugar, assim, a produção do espetáculo tomou uma decisão muito acertada(valeu Sergio Almeida e Ricardo Cavalcanti e fomos todos para o ICBA, que foi um palco de resistência nos tempos sombrios que surgiram com o golpe de 64.
Teatro lotado, o espetáculo para começar, quando uma mãe com uma criança de aproximados 3 anos senta-se numa das cadeiras. Tensão no ar, olhares preocupados nos levam a reviver os últimos acontecimentos e percebemos que os fascistas estão sedentos para envolverem as crianças nas suas teorias de 1933. A produção então, de maneira muito certeira, mais uma vez, pede educadamente que a mãe se retire, por conta da indicação de idade da peça e pede também que ninguém do público fotografe ou filme qualquer coisa.
A atriz, trans, entra super-emocionada e faz um espetáculo lindo, forte, contundente e emocionante, como há tempos eu não via ou sentia. Estávamos numa atmosfera ruim, todos se olhavam como não acreditando que no ano de 2017, estaríamos impedidos de assistir a algo que nos interessava, e de repente, essa atmosfera se transforma completamente e o teatro por inteiro, com atriz, público e produção, tornam-se cúmplices de um ato um verdadeiro ato de resistência.
Todos assistimos emocionados, a cada trecho do monólogo que nos tocava, pelo amor que despertava em quem realmente acredita nessa força transformadora e utópica.
Acaba o espetáculo e a plateia inteira chora em uníssono, palmas são entoadas por generosos 5 minutos e por um momento percebemos que ninguém queria sair dali, daquele espaço de resistência, daquela nave que circulava numa noite de sexta-feira da nossa província lambuzada de dendê, daquela organização revolucionária criada com a união de uma proposta artística e da decisão de seu público de seguir o artista. Ao acender as luzes, as lágrimas uniam ainda mais aquelas almas cúmplices e certas de que o afeto, a empatia pode ser sim uma força. Todos despertaram e se deram conta de que é possível reagir e que quando nos conectamos, podemos ser mais fortes que o fascismo, que o racismo, que o ódio. Precisamos nos conectar, para sermos mais fortes.
Ontem tive uma aula de resistência, de como podemos ser maiores que eles e de como esse caminho pode ser descoberto no aqui e agora, no enfrentamento, na fé.
Para os que imaginam qualquer desrespeito com a história de Jesus, saem frustrados, porque encontram um espetáculo que fala de amor, e fala de amor com palavras que estão escritas na Bíblia, proferidas por uma atriz que é discriminada de tal maneira, que esse amor escrito na Bíblia, repetido com a hipocrisia de cada dia, não consegue chegar a ela e aos que ela representa, o que torna o texto mais forte e cruel.
Eu só lamento não ter dado um abraço nela com toda a emoção que sai sentindo. Parabéns Renata Carvalho.
Uma coisa que esqueci de dizer, podemos e devemos fazer muito mais!

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