para o Não-lugar da Cultura
Não conhecia o Fórum de Legisladores Culturais da Bahia. Mostra-se uma excelente iniciativa para a troca de experiências e - por que não? - de projetos.
Poderoso, embora não aparente e apresente lacunas em participações, como visto.
A Nota Pública de Aplauso ao governador, divulgada pela entidade face à nomeação e posse de Arany Santana à frente da Secult, uma carta de boas vindas e reconhecimento à trajetória da nova gestora, me pareceu, do mesmo modo, um dispositivo de sutil intimação.
O Fórum é constituído por representantes dos parlamentares e o que isso compreenda-se de instância, no mínimo consultiva, para as possíveis, interessadas e certamente necessárias indicações aos cargos da pasta. Já viu?! Leu? A carta é muito bem receptiva, sim. Mas o buraco da Cultura é mais embaixo.
Aliás, essa foi mesmo a condição para assumir a função, sem muita margem de manobra para ter uma equipe "própria", lembrando melhor.
Naturalmente, tem que abrir as pernas para a política em voga, do loteamento de cargos, para o aparelhamento dos órgãos e secretarias, sob a égide de parlamentares "influentes"; cargos de confiança, os Redas, nesse âmbito, andam em extinção, à revelia dos imprescindíveis concursos para formação de quadros técnicos, de nível.
Ainda que não se vislumbre no "horizonte do provável" a disponibilidade de recursos para o setor cultural, por ser esta indecorrência fruto da visível falta de sensibilidade demonstrada, em diversos e claudicantes exemplos, no trato com o que deveria ser a essência de toda e qualquer gestão pública. Isto é, como intransferivelmente se dá a perceber, face aos escombros e à inapetência, a invisibilizada política para a área cultural.
Que ao Fórum e à Arany não faltem criatividade, coerência, sensibilidade e verbas. Há um débito crescente para com os interesses maiores da Bahia e é isso que - inapelavelmente - está em jogo.
Foto ilustrativa do abandono das obras de Mário Cravo, no Parque Metropolitano de Pituaçu.
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