Milena Lima Palacios
Nós, moradores do Santo Antônio Além do Carmo, já não aguentamos as consequências negativas e incômodos que resultam dos eventos realizados, ultimamente, no nosso bairro. E expomos nesta nota, através da Rede de Moradores do Santo Antônio, os argumentos/motivos de nossa insatisfação. São eventos que dizem "agregar” e “valorizar", mas que, cada vez mais, perdem a característica itinerante e esporádica, e passam a figurar como programação fixa. Não podemos ser sede para eventos com atrações que atraem grande público, como por exemplo, foi o show do Jammil no último domingo, 21 de janeiro.
O Santo Antônio, bairro histórico, com ruas estreitas e de mão única, não comporta essa quantidade de gente, de carro, de lixo, de xixi, de som e de finais de semana seguidos. Não há paz, não há beleza (pros que aqui vivem, pros que aqui estudam, leem, trabalham, dormem). Não representamos uma vertente "não-musical" ou "não-carnavalesca" do Centro Antigo. Conhecemos bem os encantos que daqui derivam, os talentos que medram daqui... Apoiamos projetos como A Feira, apoiamos a ocupação racional e responsável dos espaços públicos, mas, é preciso bom-senso.
Moradores não conseguiram chegar em casa, não conseguiram descarregar supermercado, estacionar carros. Muitos pagaram para guardar seus carros, pararam na Baixa dos Sapateiros, ou em outros bairros, longe de suas casas. Tivemos também muitos problemas de segurança, com diversos assaltos e muitas brigas. Faltou policiamento adequado. O som foi alto e ouvido desde a Cruz do Paschoal. É preciso lembrar que nossas casas são antigas, patrimônios históricos, e não suportam a trepidação causada pelo som alto.
O Santo Antônio é um bairro residencial, e não comercial. Esse tipo evento deveria ser realizado em uma das muitas praças do Pelourinho, por exemplo. Seria inclusive melhor para o público, que conseguiria chegar e sair com mais conforto. O Pelourinho, o Terreiro, a Castro Alves e Praça da Sé são, também, Centro Histórico e que comportam, com menos consequências desastrosas empreendimentos deste porte.
Solicitamos à Prefeitura, através dos seus respectivos órgãos responsáveis, que JAMAIS autorizem dois eventos de grande porte ao mesmo tempo, como foi realizado no último fim de semana (show do Jammil e Feira da Cidade); que, ainda assim, tais eventos tenham rigoroso controle de sonorização, com limitação de decibéis em níveis aceitáveis, conforme legislação vigente para áreas residenciais; assim como controle do uso indevido do solo por enorme numero de ambulantes sem autorização, inclusive fechando a porta das casas; e, por fim, que tais liberações de eventos, sejam deferidas em, no máximo, uma vez por mês, mesmo no período do verão, tendo em vista que, apesar do Centro Histórico ser ponto turístico, estamos em um bairro tradicionalmente residencial e com muitos hotéis e pousadas, onde o silêncio e a tranquilidade são as necessidades mais valorizadas pela comunidade.
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