Os autocarros da Carris que circulem atrasados em relação ao horário no eixo central de Lisboa
vão passar a ter prioridade nos semáforos. Ou seja, a partir do próximo mês quando um destes
veículos estiver atrasado ao circular entre Entrecampos e o Marquês de Pombal
os semáforos vão reconhecê-lo quando se aproxima e passarão a verde, garantindo
que não perde velocidade e possibilitando a recuperação de algum tempo perdido.
Esta é uma das medidas que a Câmara Municipal de Lisboa está a implementar
para que a Carris consiga oferecer uma maior regularidade e pontualidade de
forma a tentar evitar que as pessoas que entram em Lisboa diariamente utilizem
o automóvel.
A outra, que está em prática desde novembro é a existência de uma maior ligação
entre a empresa de transporte, Polícia Municipal e a câmara no acompanhamento
do tráfego e na resposta a situações em que há carros estacionados em corredores
BUS ou a impedir a circulação de autocarros ou elétricos.
"Sabemos que temos de reduzir os carros na cidade de Lisboa, para isso o transporte público
tem de ter qualidade. Quando perguntamos às pessoas o que querem ver alterado
referem a pontualidade e a regularidade. E para isso temos de ter estabilidade nos
tempos de percurso", disse ao DN Miguel Gaspar, o vereador responsável pelas
áreas da mobilidade e segurança na autarquia.
Recordando que entram na cidade diariamente 150 mil carros, garante que tem de
ser melhorada a sensibilização das pessoas para o uso do transporte público e a
própria sinalização das zonas prioritárias para a sua circulação.
"Na cidade vamos dar prioridade ao transporte público nos semáforos.
Em fevereiro, no eixo central [zona entre Entrecampos e o Marquês de Pombal]
quando o autocarro chegar atrasado em relação ao horário a um semáforo vai acabar
por ter prioridade", explicou ao DN o autarca. Esta situação vai ser possível porque
o semáforo poderá ler um sensor que estará no autocarro e com o acesso a vários
parâmetros sabe que este tem de recuperar o tempo perdido e dá-lhe prioridade
na via. Tudo isto é possível em articulação com o sistema Gertrudes - o sistema de gestão
e controlo de tráfego que centraliza em tempo real a circulação nas estradas da
capital e que monitoriza e garante a sincronização entre os semáforos.
Atualmente o sistema está em fase de teste e avançará na primeira fase para a zona
referida, seguindo-se, provavelmente, a Estrada de Benfica. "Se conseguirmos num primeiro
semáforo ganhar dois minutos, no outro mais dois, isso significa, numa carreira
longa, que poderemos tirar um autocarro para outra zona da cidade onde seja
ecessário", acrescentou Miguel Gaspar.Veículos parados 937 horas
A preocupação com o cumprimento de horários por parte dos autocarros e elétricos
é justificada com as horas que se perdem anualmente com as paragens forçadas de circulação.
De acordo com a autarquia, em 2017 houve um registo de 1337 situações em que os
automobilistas deixaram os carros mal estacionados levando à intervenção da Polícia
Municipal e, muitas vezes, ao reboque do veículo. Resultado: houve 1480 veículos
que tiveram de interromper a circulação, o que resultou em 937 horas de
interrupção do serviço. "As principais queixas das pessoas é que a Carris é irregular.
Por isso, o mais importante agora é ganhar regularidade e rapidez", frisou Miguel Gaspar.
O vereador garante mesmo que a fiscalização ao estacionamento nos corredores
prioritários
já mostra resultados: "Comparando o mês de dezembro de 2017 com o de 2016,
tivemos os veículos parados menos 30 horas."
Quanto às zonas onde mais se sentem os problemas de circulação estas são as ruas
dos Fanqueiros e a de São Paulo, servidas por elétricos que não podem sair dos
carris para ultrapassar um carro que está parado na via.
Entretanto, a autarquia está a estudar a colocação de mais corredores BUS na
cidade - como por exemplo entre Alcântara e as Avenidas Novas -, mas para já
a aposta vai ser em completar alguns que têm interrupções - "como na rua da
Junqueira", refere o vereador - e sinalizar melhor outros. "São medidas rápidas",
conclui.
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