sábado, 16 de fevereiro de 2019

O CONLUIO DE BRUMADINHO

Promotoria diz ter indícios de que 'conluio' levou a tragédia em Brumadinho

Presos na operação desta sexta-feira começaram a ser ouvidos pela força-tarefa; depoimentos continuam na próxima semana
Tragédia na barragem do Córrego do Feijão tem 163 mortos identificados até hoje Foto: Washington Alves / REUTERS
SÃO PAULO — O promotor responsável pela investigação da queda da barragem da Vale em Brumadinho , William Garcia Pinto Coelho, afirmou nesta sexta-feira que o Ministério Público já tem indícios de que houve um conluio entre funcionários da Vale e da empresa TUV SUD para maquiar a situação de risco da barragem do Córrego do Feijão. Nesta manhã uma operação da força-tarefa montada para apurar responsabilidades pela tragédia prendeu oito funcionários da mineradora: dois executivos, dois gerentes e quatro integrantes da equipe técnica. A prisão é temporária.
A barragem em Brumadinho rompeu no mês passado. Até o momento, foram 163 mortos identificados e 143 pessoas continuam desaparecidas.
Integrantes da força-tarefa composta pelo Ministério Público e a Polícia Civil de Minas Gerais concederam uma entrevista coletiva à tarde para apresentar um balaço da operação desta sexta-feira.
— Nas provas analisadas até o momento percebe-se uma intensa articulação para torturar os números de forma a atestar a estabilidade da barragem apesar de seu estado crítico de segurança. Já podemos dizer que temos indícios de que houve um conluio para apresentar ao poder público uma declaração de estabilidade que não refletia a situação técnica crítica da barragem - afirmou o promotor.
Nesta sexta-feira dois presos — Cristina Malheiros e Felipe Rocha — prestaram depoimentos à força-tarefa. As oitivas vão prosseguir na próxima semana para que os demais presos sejam ouvidos.
Por enquanto, o Ministério Público afirmou não ter documentos que mostrem que executivos do alto comando da Vale, como o presidente Fabio Schvartsman, tinham conhecimento da situação crítica de segurança da barragem e da "maquiagem" dos laudos técnicos.
— É prematuro afirmar qualquer coisa nesse sentido — disse Coelho.
Para o Ministério Público, os funcionários presos nesta sexta-feira sabiam dos riscos da barragem.
— Dentro de suas atribuições eles poderiam intervir e não fizeram nada nesse sentido - disse o promotor.
As investigações apuram o cometimento de crimes como homicídio doloso e falsidade ideológica, além de crimes ambientais.
— Documentos coletados demonstram que não foi acidente. Funcionários da Vale tiveram acesso a documentos que mostravam o estado crítico da barragem e, portanto, assumiram o risco do resultado morte — defendeu Coelho.

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