sábado, 26 de março de 2022

AS FAMÍLIAS BAIANAS ORIGINAIS


Quando Thomé de Souza aportou em Salvador, em 29 de março de 1549, encontrou uma sólida família soteropolitana constituída: Os Rodrigues, os Barbosa, os Dias, os Gil, os Teles e os Moniz Barreto, já residiam na terra, consorciados com filhas de Caramurú; tinham chegado nas esquadras que conduziram colonos, alguns para trabalhar com os donatários, outros para empreitadas, no mesmo processo. Moniz Barreto chegou a ser convidado pelo Governador para assumir a primeira Provedoria da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.

Thomé de Souza também encontrou na Bahia um Genovês, tronco da família Adorno, o Paulo Adorno, primeiro italiano a formar família baiana; cidadão de muitos talentos, mais tarde auxiliar e homem de confiança do Governador. Fora esse núcleo de baianos aqui estabelecidos, chegaram com o Capitão-Mor do Brasil na sua esquadra alguns espanhóis que aqui constituíram o tronco dos Mendonças, Mirandas, Aguirres, Contreiras, Araújos e Argolos.
E entre os portugueses vinha um cidadão, protegido do governador, que se tornaria o maior latifundiário das Américas no seu tempo: Garcia D’Avila que não teve filhos legítimos como se dizia naquele tempo, mas deixou dois herdeiros que constituíram o tronco dos D’ Avila, nas suas relações de mancebia, assim se falava, com as índias Francisca e Catarina.
Tão dramática era a falta de mulheres lusas nos primeiros tempos de ocupação da cidade que o padre Nobrega em suas missivas ao Rei alertava para o problema e até sugeria a remessa de “mulheres erradas”, eufemismo de adúlteras, Se vieram as “erradas” não sabemos, mas vieram as “certinhas”, as virgens órfãs que a Rainha Catharina enviou nas esquadras de Oliveira Carvalhal, Duarte da Costa, Mem de Sá e Estácio de Sá.
As donzelas de Dona Catharina, algumas recém entradas na puberdade, aqui casaram, sem direito à escolha do pretendente e constituíram famílias baianas. Os Daltro, Lobo, Frois, Reboredo, Dória, são algumas dessas famílias formadas entre lusos colonos, ou funcionários públicos, com as donzelas órfãs referidas. Tiveram filhos e descendência baiana.
(Nelson Cadena)

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