sábado, 19 de março de 2022

GOBELINS

 


Numa vila intacta do 13º arrondissement (com capela, museu, casinhas, ruas de pedra e prédios modernos), o Estado francês mantém vivo um dos símbolos de excelência das artes decorativas francesas: a tapeçaria. A França é o único Estado no mundo a financiar uma atividade decorativa em nome da tradição.

E apesar da longa história da Manufatura de Gobelins — que remonta aos anos 1440, com o tintureiro Jean Gobelin, famoso pelo vermelho escarlate —, a técnica com que são feitos os tapetes e as tapeçarias permanece intacta: artesãos produzem peças que podem levar de dois a 10 anos para serem concluídas.

Na Manufacture des Gobelins, o ambiente é da época do rei Henrique IV que, em 1601, instalou dois tapeceiros flamengos que foram sucedidos pelos filhos, até que, em 1660, Luís XIV, junto com o Ministro das Finanças e criador da indústria de luxo francesa, Jean-Baptiste Colbert, “importam” um holandês com novo método de tingimento do escarlate e assumem Gobelins.

Na mesma época, Colbert convence o Rei-Sol da importância das artes decorativas como forma de incentivar a economia e as exportações francesas. E assim surge "La Manufacture Royale des Gobelins", que logo se tornaria sinônimo de excelência em qualidade, sofisticação e bom gosto em tapeçarias, sob a visão de Charles le Brun, primeiro-pintor da corte e diretor artístico, que trabalhou até a morte em Gobelins.

É muito interessante numa visita a Gobelins apreciar o trabalho dos artesãos, que passam a vida inteira trabalhando em tapeçarias grandes e complexas, num trabalho exigente que pode levar anos para ser concluído.
É surpreendente que as tapeçarias Gobelin, Beauvais e Savonnerie ocupem o mesmo complexo de prédios e produzam apenas peças de artistas contemporâneos
Diferentemente das tapeçarias de Aubusson, toda a produção da "Manufacture Royale des Gobelins", é exclusivamente destinada para a decoração das residências oficiais da França pelo mundo afora — nada é vendido — vão para o Arquivo Nacional, onde são catalogadas e armazenadas, até que algum embaixador ou o próprio presidente francês solicite uma peça para trazer um pouco de cor e calor à sua casa.
42 Av. des Gobelins, 13º arrondissement.
Helena Lacerda

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