Três “golaços” na Gamboa, comunidade preta de Salvador
- por Jornalistas Livres
- • 06/03/2022
Por Franklim Peixinho @prof.franklimpeixinho
“Na calada da noite acontecem coisas”, bem à noite, que tem a cor da pele do povo da Gamboa, a mesma pele preterida entre animais de estimação de gente branca que foge de uma guerra. Aqui, do outro lado do Atlântico, há uma guerra que não cessa, que enlouquece, violenta corpos e almas pretas; e que sentencia que vidas de pessoas pretas não valem nada. Pelo dia, brancos descem as escadas da Gamboa para curtir o verão soteropolitano, mas, após o pôr do sol, a classe média branca vai para casa assistir o extermínio pela TV, e no dia seguinte, lamentar no máximo, enquanto arrumam o coller para mais uma dia de sol na piscina, já que a Gamboa deve tá “barril” esses dias.
Enquanto o mundo se comove com a vidas ucranianas, Gamboa, Somália, Síria…, mesmo bombardeadas e invadidas para execuções, seguem invisíveis, porque ali é o “carbono vivo” destruído e não há a vida para se lamentar. São vidas que se ceifam sob dor, injustiça, desesperança e ódio. Esta doença pandêmica do racismo impede que a pessoa preta fuja de uma guerra entre brancos, e coloca pretos fardados para matar pretos sem farda.
Os antigos diziam que ao se cogitar o absurdo, na Boa Terra se encontra precedentes. Sim, o daqui é igual ao de lá, só que mais polido e Ruim.
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