Juiz marca julgamento após desembargador segurar ação pelo desvio de R$ 5,8 mi por 3 anos
By Edivaldo
Bitencourt17/02/20254
Desembargador Geraldo de Almeida Santiago
está com três recursos sobre ação de improbidade pelo desvio de R$ 5,8 milhões
para julgar desde 2022 e 2023 (Foto: Arquivo)
Recursos
parados no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul estão atrasando o
julgamento de ações da Operação Lama Asfáltica, um dos maiores escândalos de
corrupção da história do Estado. O desembargador Geraldo de Almeida Santiago
está com três recursos referentes ao desvio de R$ 5,8 milhões, sendo que um foi
protocolado pelo poderosíssimo empresário João Amorim em 2022 e até hoje, três
anos depois, ainda não foi analisado pela turma.
Outros dois recursos foram protocolados pela Proteco Construções, de Amorim, que também tenta se livrar da ação de improbidade administrativa pelo desvio de R$ 5,8 milhões – o valor atualizado pode superar R$ 10,2 milhões, considerando-se que os supostos danos ocorreram na gestão de André Puccinelli (MDB), encerrada em 2014.
Em
despacho publicado na última segunda-feira (10), o juiz Ariovaldo Nantes
Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos,
expõe o motivo do atraso no julgamento da ação de improbidade administrativa
protocolada há nove anos, em 2016.
“Ainda
que os Agravos de Instrumento nº 1404924-59.2023.8.12.0000 e
1420198-97.2022.8.12.0000 ainda não tenham sido julgados passados 2 anos, não é
mais possível aguardar o julgamento dos recursos sob pena de ocorrência de
eventual prescrição”, alertou o magistrado, sobre o risco dos réus ficarem
impunes pela morosidade da Justiça.
Os
agravos de instrumentos foram protocolados pelo Ministério Público Estadual e
por João Amorim. Um deles se refere a exclusão da empresa da ação por
improbidade administrativa. Pelo menos, o desembargador não suspendeu o
andamento do processo, apenas não levou a julgamento da turma no TJMS.
“Ademais,
referidos recursos não foram recebidos no efeito devolutivo, o que possibilita
o prosseguimento da ação sem que eventuais atos instrutórios realizados se contaminem
por nulidade, razão pela qual designo a audiência de instrução e julgamento
para o dia 08.04.2025, às 14h”, determinou Corrêa, marcando o julgamento de
João Amorim, da sócia, Elza Cristina Araújo dos Santos, do ex-secretário de
Obras, Edson Giroto, do ex-deputado Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto
Mariano, entre outros.
Morosidade da Justiça
A
Operação Lama Asfáltica foi deflagrada pela Polícia Federal pela primeira vez
em julho de 2015. A investigação só veio a público dois anos depois do início e
PF travar uma guerra nos tribunais superiores sobre o foro da investigação.
Quando
a investigação chegou a Giroto, então deputado federal, o caso subiu para o
Supremo Tribunal Federal. A corte desmembrou e determinou a continuidade do
inquérito em relação aos demais réus. No entanto, como o caso chegou a André
Puccinelli (MDB), então governador, o caso subiu para o Superior Tribunal de
Justiça.
Quando
Giroto e Puccinelli perderam o foro privilegiado, o inquérito voltou a primeira
instância e caiu na 3ª Vara Federal. O juiz federal Odilon de Oliveira declarou
suspeição e o processo foi encaminhado para a juíza substituta, Monique
Marchioli Leite, que autorizou a deflagração da Operação Lama Asfáltica, com
sequestro de bens e quebra de sigilos bancários e fiscal.
A
operação teve sete fases. A 3ª Vara Federal chegou a condenar os réus em duas
ações, mas nunca conseguiu condenar Puccinelli nem Amorim. O ex-governador
chegou a ficar cinco meses preso em 2018.
Uma
guerra de recursos judiciais entre o Ministério Público e a defesa atrasou os
julgamentos. Alguns processos foram encaminhados para a 1ª Vara Criminal, da
justiça estadual, enquanto outros foram para a 3ª Vara Federal.
Outra
derrota foi a suspeição do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal,
que levou a anulação de todas as decisões e as ações voltaram à estaca zero sob
o comando da juíza substituta Júlia Cavalcante.
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