domingo, 1 de outubro de 2017

VOLTAR DE BRASÍLIA


Filme Arábia, de Affonso Uchoa e Joao Dumans (foto: Vasto Mundo/Divulgação)
Sim, Brasília mostrou coisas incríveis. “Arábia” é uma pequena joia e o filme do Adirley, “Era uma Vez Brasília” o consolida como um dos melhores cineastas brasileiros na atualidade.
Aliás, a julgar pelo cinema que tenho visto, ser um dos melhores do Brasil não é tão diferente de ser um dos melhores e ponto.
Do mais, me parece que o segundo episódio de “O Nó do Diabo”, do Gabriel Martins, também de Contagem (como os diretores de “Arábia”) é muito forte. Não entendo tanto assim de horror, mas vou consultar a Laura Cánepa a respeito. O fato é que não é desse tipo de terror de susto, mas de te pegar pelas entranhas e puxar. A escravatura é o assunto.
Os debates foram uma questão à parte.
Comprovam que o velho mundo explodiu. Não há mais pensamentos universalizantes ou eles são apenas marginais. Existem as mulheres, os gays, os travestis, os sadomasoquistas, os negros. E breve, por que não, os canhotos, os carecas, etc.
Lá ouvi uma moça afirmando que tal sequência de um filme “devia ser tirada”.
Por quê? Ela é da censura?
Posso entender certa radicalidade e certa impaciência, sobretudo dos movimentos negros, porque a opressão sobre eles foi e continua sendo monstruosa. Mas seria desejável que eles contivessem esses ímpetos.
Na verdade, isso é preciso que se reconheça, trata-se de um velho hábito da esquerda: proibir, censurar, achar que isso é a solução.
No que isso é diferente dos facínoras de direita tipo MBL?
Tudo pode e dever ser mostrado. Isso não impede o exercício crítico.
Mas evita vexames, como o da moça que, ao ouvir a Rosário falar no ator Escurinho tratou logo de aponta-la como racista.
E a Rosário de explicar que Escurinho é o nome do ator, não um modo de chama-lo.
Talvez convenha ter calma nessa hora.
E pensar que os debates sobre filmes são debates de ideias, de concepções artísticas. É um ambiente fechado onde, a rigor, nada se decide.
Não vai ser estripando um filme que os negros, as mulheres, os gays ou lá quem seja conseguirão romper padrões de comportamento: é em outros lugares que isso se decide.
De todo modo é muito bom ver um filme de cineastas que vêm da Rocinha, como os Irmãos Carvalho. E que têm ideias.
COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO
E haja patrulhamento!

Nenhum comentário:

Postar um comentário