segunda-feira, 22 de agosto de 2016

NO ITINERÁRIO DO DESCRÉDITO

Helington Rangel
Professor universitário,
economista e jornalista.


No pequeno intervalo de três meses, o reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana, Evandro do Nascimento Silva, já encaminhou uma solução atabalhoada para um problema só vislumbrado por ele: com o arroubo dos ditadores, desmantelou, sem estudo técnico, o transporte rodoviário gratuito dos professores entre Salvador e o campus, conservado há décadas.
Como fundação pública e autonomia administrativa, o primeiro reitor e um dos criadores da UEFS, Professor Geraldo Leite, montou um sistema de condução dos docentes, período noturno, a bordo de um Opala, atendendo a reduzida demanda. Com a expansão própria da natureza acadêmica, o deslocamento foi transferido para um micro-ônibus, doado por organismo público – e finalmente o ônibus de frota privada assumiu a transposição definitiva, diminuindo custos, economizando recursos e desburocratizando a administração.
Na última governança de Antonio Carlos Magalhães, a UEFS foi transfigurada de fundação para autarquia, engenharia jurídica que permite a autogerência, mas nega capacidade para guiar-se pelos próprios meios. A partir daí, a UEFS tornou-se terreno fértil para demagogos e espaço inóspito à meritocracia.
Há longo tempo, assiste-se na Bahia o esvaziamento das universidades estaduais quando o governo encomenda pesquisa cientifica a instituições de ensino superior particular, sem realce nas avaliações do Ministério da Educação. Sob a ótica acadêmica, certamente esse cenário não atormenta o reitor.

No livro Censores em Ação, o historiador Robert Darnton conta que à época de Malesherbes, advogado de defesa do rei Luiz XVI, a monarquia absolutista assistiu um fenômeno novo, que influenciou a sociedade moderna: a burocratização. Certamente, o tema encanta o Magnífico: sua assessoria de comunicação social é tão superdimensionada que se o batalhão de servidor comparecer no mesmo dia não haverá acomodação para todos.





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