terça-feira, 24 de janeiro de 2017

ÁRVORES? PRA QUÊ?!

Em 4 anos, cerca de 240 mil árvores foram cortadas em Salvador

Apesar da promessa de tornar Salvador uma cidade 'mais verde', o número excessivo de podas durante a gestão de ACM Neto tem sido questionado pela população

Foto: Tiago Barros/ Agecom


Publicado em 19/01/2017 às 14h40.

Em 4 anos, cerca de 240 mil árvores foram cortadas em Salvador

Apesar da promessa de tornar Salvador uma cidade 'mais verde', o número excessivo de podas durante a gestão de ACM Neto tem sido questionado pela população

Fernanda Lima
Foto: Tiago Barros/ Agecom
Foto: Tiago Barros/ Agecom

A arborização de Salvador é assunto recorrente entre a população soteropolitana e organizações que se propõem à tarefa de tornar a cidade mais verde. A Secretaria de Manutenção (Seman) estima que, desde o primeiro mandato do prefeito ACM Neto (DEM), em 2013, 240 mil árvores tenham sido podadas na capital baiana. Ao todo, 150 foram derrubadas. A questão levantada é se os procedimentos são feitos apenas quando necessário ou de forma negligenciada.
O democrata, em 2016, por meio do Programa Municipal Verde Perto, desenvolvido pela Secretaria Cidade Sustentável (Secis) em 2013, determinou a meta de plantar 100 mil árvores até o final do mandato. A promessa, no entanto, falhou e, desde então, apenas 53.640 árvores foram plantadas.
O plano de tornar mais verde a cidade foi trazido à pauta novamente na corrida eleitoral de 2016. Nas diretrizes da campanha, o chefe do Executivo assegurou que projetos e equipamentos ambientais seriam adotados com o propósito de conservar, recuperar e ampliar a cobertura vegetal da cidade. Contudo, a proposta parece não ter saído do papel.
Débora Didonê, coordenadora do movimento Canteiro Coletivos, iniciativa independente que propõe a recuperação do espaço público com ações como o plantio de mudas, conversou com o bahia.ba e associou a polêmica acerca da poda de árvores à reforma das orlas da capital. “Quando começou esse processo, o Canteiro atendeu a diversas reclamações de moradores de lugares como a Barra, Ribeira e Rio Vermelho”, afirmou. Didonê disse ainda que, somente na Barra, moradores denunciaram a derrubada de 25 árvores.
A gestora revelou um episódio no Alto do Gantois, na Federação. “Em outubro de 2016, 10 árvores foram cortadas. Tudo isso porque elas estavam tapando um outdoor. Ou seja, mais vale um outdoor que o verde? Mas corremos atrás e conseguimos replantar algumas”, lembrou. A coordenadora do projeto ressaltou que as árvores, por serem antigas, não resistiram à replantação.
O titular da Seman, Marcílio Bastos, por meio de sua assessoria, informou que a poda de árvores é realizada somente em caso de risco ou prejuízo à iluminação pública. Além disso, citou as enchentes de 2014 na capital como substanciais para acentuar o corte de áreas verdes na capital. “Muitos casos de enchente, percebemos isso nessa época, eram causados por galhos de árvores caídos ou ramos de folha”, disse. Bastos falou ainda que muitas críticas ao serviço ocorre por falta de conhecimento no assunto.
À reportagem, ele contou que a Seman planeja um aplicativo de monitoramento de árvores a fim de aprimorar o serviço de poda. “Não sabemos exatamente quando vamos lançar, mas queremos que seja o mais rápido possível. Ele já é usado em algumas pastas de forma interna, mas vamos expandir à população”, concluiu.
Plano Diretor de Arborização – Nesta quinta (18), o prefeito sancionou a o Plano Diretor de Arborização Urbana do Município de Salvador. De acordo com o texto, o projeto traça diretrizes e estratégias para o planejamento, implantação, reposição, expansão, manejo e manutenção da arborização e áreas verdes urbanas, com previsão da participação ativa da população, com o objetivo de promover a conservação, preservação e ampliação da arborização na cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário