Presidente de Portugal Marcelo Resende de Souza
Quando, em
2007, o avião da TAM 3054 escorregou na pista de Congonhas matando 199 pessoas,
Lula, então presidente do Brasil, não compareceu ao local do desastre. Quando a
barragem de Mariana se rompeu, matando 19 moradores e causando a maior tragédia ambiental da história do Brasil, Dilma não foi ao local abraçar as famílias. Em
contrapartida, Marcelo Rebelo de Souza, presidente de Portugal, não perdeu
tempo para ir até os locais dos terríveis incêndios de 2017 que mataram 17
pessoas e dar um forte apoio moral às vítimas sobreviventes. E no enterro em
Paris do cantor Johnny Hallyday, em dezembro do ano passado, lá estavam, além
do atual presidente da república francesa Emmanuel Macron, os dois ex: François
Hollande e Nicolas Sarkozy. O paralelo político-cultural poderia se estender
por muitas laudas.
Quando, na
Bahia, morre um escultor do tamanho de Mário Cravo, o governador Rui Costa e o
prefeito ACM Neto se acham no direito, não somente de não comparecer
pessoalmente ao funeral, mas nem mesmo se preocupam em mandar representantes
culturais oficiais com algumas flores para marcar o devido respeito a alguém
que fez muito mais pela sua terra que os medíocres governos dos dois juntos.
Este escandaloso descaso com a importância dos artistas é a mais fiel
ilustração daquilo que afirmo há muito tempo: somos governados por analfabetos.
Não frequentam livrarias, não compram uma entrada de cinema, não assistem a
concertos, não vão ao teatro, não visitam museus ou exposições. Têm a maior
indiferença por tudo aquilo que coloca o ser humano acima do animal. Passam
dias e anos costurando conchavos e alianças efêmeras para proteger e sustentar
seus respectivos rebanhos de familiares, cortesãos e apadrinhados.
Senhores! Só
para vossa informação: o Mário Cravo foi o maior responsável, com Carybé, Jorge
Amado, Pierre Verger e Dorival Caymmi, pela projeção da Bahia pelo mundo afora.
E não são meia dúzia de viadutos, pontes e BRTs que contrabalançarão o abandono
do patrimônio cultural e histórico, a Justiça kafkiana, a violência nas urbes e
nos campos, a imundice das praias e das praças, a barulheira
institucionalizada, a desertificação das terras, a truculência da polícia e a
vergonhosa saúde pública. Vocês só dão valor ao ser humano na hora da votação.
Dias atrás, fui, com um grupo de amigos, vagar nas redondezas de São Francisco
do Conde, um dos municípios mais ricos do Brasil. Subimos até o povoado de
Vencimento e sua excepcional igreja prestes a desmoronar. Acho este o melhor
exemplo da ignorância de nossos políticos.
Afinal, pensando
bem, talvez seja melhor eles não terem comparecido às últimas homenagens.
Teriam tido a exata medida de sua insignificância.
triste, muito triste, o pior é que é verdade
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