quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O VELHO CHICO AGONIZA

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O semiárido nordestino se constitui num ecossistema frágil, dotado de energia solar intensa, sujeito à degradação solo.
Mas a Natureza compensou com um manancial de água, o Rio São Francisco. Suas águas eram cristalinas, sem carreamento de material sólido e dotadas de um plâncton rico, importante  alimento aos animais aquáticos. O homem ribeirinho se fartava desses frutos; vivia feliz e mantinha nutrida  sua família.
Quem não se regalou do surubim às margens do Velho Chico em uma pensão humilde lá pras bandas de Propriá? E também não se deliciou com as pilombetas de Piaçabuçú, pequenos peixes salgados e enfileirados em cordéis, secando-se a pleno sol?

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Hoje, o surubim está em fase de extinção, significando um alerta da degradação ambiental das águas e da falta de condições para a sobrevivência da espécie.
O que aconteceu? A extração de carvão, a monocultura e a atividade pecuária são os fatores responsáveis pela deterioração do rio São Francisco e de seus afluentes. Isso porque o desmatamento das matas ciliares faz com que aumente o número de sedimentos que se depositam no fundo dos rios, secando as nascentes. Ademais, a falta de tratamento de esgotos (urbanos e industriais) é o responsável maior pela morte ictiológica.
Não se pode dissociar a deterioração do Velho Chico do mau uso da vegetação que lhe margeia, a caatinga, destruída em mais de 50%, havendo a necessidade de recompor esta mata ciliar.

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Pois bem. Enquanto o Velho Chico agoniza, investiu-se bilhões na transposição de suas águas, quando o problema do Nordeste é a distribuição hídrica espacial. Esqueceu-se da recomposição florestal de suas margens e das respectivas fontes hídricas, capaz de inverter o processo, restabelecendo toda a bacia hidrográfica deteriorada pelas ações humanas inconsequentes.  


Luiz Ferreira da Silva
Engenheiro-Agrônomo e Escritor

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