quarta-feira, 23 de novembro de 2016

REFLETINDO SOBRE O PANORAMA

Pontos centrais sobre a Competitiva Baiana

O júri, composto pela diretora de fotografia Andrea Capella, o curador e programador de cinema Salomão Santana e o cineasta Gabraz Sanna, elegeu o melhor longa e curta da Competitiva Baiana. “Perdido em Júpiter”, de Déo e “Obra Autorizada”, de Iago Ribeiro, são as produções vencedoras. Leia a justificativa.
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A partir do que assistimos e diante da amplitude da Competição Baiana nesta edição do Festival, consideramos a necessidade de aprofundar algumas questões que surgiram em nossas conversas diárias.
Encontramos um cinema plural, com variadas propostas temáticas e de gênero. No entanto, notamos a necessidade de maior apuro estético e narrativo. Em paralelo, no atual momento político, faz-se extremamente necessário que o cinema dialogue com as transformações refletidas nas micro-políticas identitárias, sobretudo as relacionadas às questões raciais e de gênero. Percebemos uma naturalização dos comportamentos machistas, muitas vezes demonstradas pela ausência de auto-questionamento. Acreditamos na importância de um cinema que abra caminhos para o diálogo, mesmo diante dos aparentes dissensos, considerando as diferenças claras existentes atualmente entre os muitos filmes realizados na Bahia. Sentimos a necessidade de um maior diálogo entre este conjunto de filmes vistos aqui e o que vem sendo realizado de mais potente em outros lugares do Brasil e do mundo, ponto fundamental para que se construa um cenário mais representativo em um contexto não apenas regional. Apontamos para uma urgência em torno de perspectivas comuns das mais diversas ordens, capazes de gerar transformações significativas e trocas mais efetivas. É necessário que se lute por políticas mais abrangentes de fomento que possibilitem uma maturação de cada um dos trabalhos. Tais políticas devem se focar não apenas no investimento em novas produções mas em espaços para formação, troca e reflexão acerca do que vem sendo realizado. Sobre “OBRA AUTORIZADA”
Através de um olhar contundente sobre o espaço filmado e suas personagens, reveladas a partir de um recorte simples e atento do realizador, criando camadas narrativas sobre as quais a obra se sustenta, o filme propõe a reconstrução afetiva da memória da cidade de Cachoeira, revelada aqui de forma poética e crítica em relação ao abandono de sua própria história.
Sobre “PERDIDO EM JÚPITER” O arquivo de um presente contínuo e sempre recontextualizado pelas escolhas de quem assiste. O filme é uma contundente curiosidade pela existência do outro, a partir dos seus mistérios, idiossincrasias e camadas de personalidade. Uma aproximação virtual. * O Júri da Competitiva Baiana 2016, é composto pela diretora de fotografia Andrea Capella, o curador e programador de cinema Salomão Santana e o cineasta Gabraz Sanna.

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