segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O INÚTIL ABRAÇO AO JANDAIA



Completou um ano o ato que mobilizou parte significativa da classe artística para um protesto em defesa do Cineteatro Jandaia, abandonado pelos proprietários e pelas autoridades supostamente envolvidas na preservação do patrimônio cultural da Bahia.

Na sexta-feira 6 de Novembro de 2015, o governador Rui Costa, pressionado pela repercussão do movimento, conforme matéria d´A Tarde “(...) determinou que o Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (Ipac) realize obras emergenciais de conservação do cineteatro - como o escoramento de toda a estrutura do imóvel, tombado como patrimônio cultural desde 2010 (...). Anunciou que um novo equipamento cultural pode ser construído no local, onde já se apresentaram nomes como Carmem Miranda, Bidu Saião e Dalva de Oliveira.”


Mas o grande problema do Jandaia é ser considerado como obra de pouco impacto político, em bairro pouco valorizado, senão decadente. Muito maior repercussão terá o anúncio da construção achinesada de mais um elefante branco como a ponte Salvador-Itaparica. 
Não é preciso ser futurólogo para adivinhar que o monstrengo irá transformar e dividir aquilo que foi um pedaço de paraíso em campo de infeliz competição entre mais luxuosos condomínios e mais sórdidas favelas. A perfeita imagem da desigualdade socioeconômica do Brasil será sem tardar resumida nestes 36 quilômetros de coqueiros e praias.

Existem prioridades, Governador. Para um estado que anseia recuperar parte do sonhado fluxo de turismo e escapar da falência hoteleira, é urgente-urgentíssimo investir na memória, na cultura popular, nos museus e na Orquestra Sinfônica. Nos fabulosos tesouros do Recôncavo. Na preservação, sim, da fauna e da flora. Florestas, matas, reservas, rios e lagunas. 

Não descarte estas sugestões como elucubrações de hippy extemporâneo. 
São estas riquezas que fazem de nosso estado uma terra privilegiada e não o rosário de shopping centers e viadutos que nunca impressionará quem nos visita.


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