ROBSON LOPES
O que o prédio do apartamento de Geddel revela sobre as 'escolas de arquitetura', essa sugestão de manchete também seria bem plausível.
Há uns 5 anos, em meio a polêmica do movimento Movimento#OcupeEstelita, li uma frase em uma importante avenida do Recife, que dizia, 'O urbanista do Recife é o capital', para ser mais verdadeira a frase deveria ser, 'O arquiteto e urbanista do Recife é o capital', e essa afirmativa deve caber para a maioria das grandes cidades brasileiras.
Nossos prédios são fruto da leitura e decodificação em projeto das leis de uso e ocupação do solo, somados aos códigos de obras, que não visam o bem estar dos usuários, mas reflete uma perversa lógica de mercado.
Nós, como clientes de imóveis, temos muita culpa nisso, vejam um comparativo, comparativo sempre são ruins, mas ajuda a enxergar melhor o contexto, quando uma pessoa decide comprar um carro, olha desempenho do motor, diâmetro e largura dos pneus, aerodinâmica do projeto, cor, tipo de combustível, se é econômico ou não, se o espaço interno é suficiente e eficiente, se é confortável, o custo de manutenção e tamanho do porta mala, recursos tecnológicos, segurança, e para tudo isso normalmente conversamos com especialistas, mecânicos, amigos que já compraram um carro semelhante, visitamos sites, lemos revistas, e aí se o carro cabe em nosso orçamento, compramos e saímos felizes.
Já quando vamos comprar um apartamento, muitas vezes só buscamos, quando somos da classe média-alta para cima, o nome da construtora de grife, e verificamos se tem a quantidade de quartos que queremos, não olhamos a fachada, o custo da manutenção interna e externa, a eficiência do prédio em termos de energia e consumo de água, se a obra é ecologicamente correta, se utilizou materiais sustentáveis, se dialoga com a cidade, se respeita tanto o morador quanto o pedestre, se tem espaço adequado e eficiente, se a orientação solar é adequada à região onde está inserido, se atende à todas as normas técnicas exigidas, se agride ou não a paisagem, seja em área de preservação histórica ou não, não consulta especialistas antes da aquisição.
Em resumo, para uma compra tão importante, que normalmente será a maior da vida de mais de 80% das pessoas, não se tem o mesmo cuidado que se tem com a compra de um carro.
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