quarta-feira, 23 de outubro de 2019

FOI ESCRAVIZADO NO BRASIL

Bilíngue, ele foi escravizado no Brasil, conseguiu fugir e virou escritor


Mahommah Gardo Baquaqua nasceu livre, no século XIX onde hoje fica o Benin, na África, e em 1845 chegou ao Brasil dentro de um navio negreiro. Passou os dois anos seguintes trabalhando forçadamente em diversos estados brasileiros.
O africano foi vítima do tráfico internacional de escravos em 1845, quando a prática já havia sido criminalizada no Brasil. Segundo os historiadores, sua condição de escravo no país nunca foi legal.
Mahommah Baquaqua já era bilíngue quando foi capturado em uma guerra na África. Sua família era muçulmana, e ele falava árabe e ajami, língua local de Djougou, sua cidade natal.
Seu primeiro destino foi Pernambuco, onde ele foi comprado por um padeiro português. O padeiro o obrigou a construir um prédio de pedra. Baquaqua tentou fugir, tentou cometer suicídio e cogitou matar seu dono, porque ele era muito cruel. Por fim, o dono não gostava dele e o vendeu porque Baquaqua estava criando muitos problemas.
Ele foi vendido então para o Rio de Janeiro, onde um capitão de um barco o comprou. Mas o capitão também era cruel e o espancava muito. Isso mostra que Baquaqua sempre quis resistir, lutar, escapar, e eventualmente ele teve a oportunidade quando seu dono o levou a Nova York com um carregamento de café.
Os documentos mostram que, depois de reconquistar sua liberdade nos Estados Unidos, Baquaqua passou uma temporada no Haiti, onde aprendeu a falar francês e o criolo haitiano. Ele também viveu no Canadá e chegou a estudar, entre 1850 e 1853, na Faculdade Central de Nova York.
Baquaqua, em 1854, publicou um relato autobiográfico sobre sua condição de escravo chamado “An Interesting Narrative. Biography of Mahommah G. Baquaqua” (Uma narrativa interessante. Biografia de Mahommah G. Baquaqua, na tradução do inglês).
Em 2018, a biografia de Mahommah Baquaqua foi apresentada como enredo no carnaval pelo G.R.E.S.V. Recanto do Beija-flor.

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