terça-feira, 30 de junho de 2020

ARQUITETURA DE AMANHÃ

Verde para que te quero: assim é a arquitetura vegetal de Stefano Boeri




Aspeto que terá a Fôret Blanche, uma vez finalizada

As questões do meio ambiente deveriam preocupar-nos a todos. Especialmente a todas as empresas e setores que têm a real capacidade de equilibrar a balança. Dois dos setores que estão a tentar remediar os ditos problemas (ou pelo menos reduzi-los) são a arquitetura e a construção. Ambas estão a apostar em modelos mais eficientes e sustentáveis e nas energias renováveis.
São muitos os profissionais ligados ao mundo do “tijolo” que estão a fazer grandes esforços nesse sentido. Mas há alguém que se destaca: chama-se Stefano Boeri. Nascido em Milão, este arquiteto projetou, juntamente com o seu estúdio de arquitetura (Stefano Boeri Architetti), alguns dos “green buildings” (edifícios verdes) mais vanguardistas do mundo. Apresentamos-te a seleção de algumas das suas construções e projetos mais emblemáticos.

Floresta vertical de Milão

Esta foi a primeira floresta vertical do mundo, que valeu a Boeri o Prémio Internacional High Rise. O júri classificou-o como sendo a “edificação em altura mais bela e inovadora do planeta”. São duas torres residenciais que albergam 113 casas, 800 árvores, 11.000 plantas e 5.000 arbustos.
Floresta vertical de Milão
PROJETO PARA UM CENTRO DE REABILITAÇÃO 
EM SHENZHEN - CHINA

Stefano Boeri Wins International Competition to Design Largest ...

Gallery of Stefano Boeri Wins International Competition to Design ...

Gallery of Stefano Boeri Wins International Competition to Design ...

Gallery of Stefano Boeri Wins International Competition to Design ...

CAETANO VAI AO STF


  1. Caetano vai ao STF para que deputado bolsonarista ‘explique’ declaração


Bibo Nunes afirmou que o compositor recebia dinheiro em troca de apoio ao PT em eleições. Defesa pede que dez perguntas sejam respondidas 


 

O cantor e compositor Caetano Veloso interpelou o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o parlamentar “explique” as declarações dadas por ele à Globonews de que nomes consagrados da música brasileira, como Caetano e Chico Buarque, recebiam dinheiro de programas de fomento à Cultura nos governos Lula e Dilma Rousseff em troca de apoio em eleições.

Os advogados  do cantor pedem que Nunes, um dos parlamentares mais fiéis ao presidente Jair Bolsonaro, responda a dez perguntas sobre sua fala em um prazo de 48 horas após sua notificação. A interpelação judicial,  que aponta possíveis delitos de calúnia, difamação e injúria, foi distribuída à ministra Rosa Weber. 

“Antigamente, só se incentivava a cultura com os seus apaniguados. Se dava dinheiro para o Chico Buarque da vida, Caetano  Veloso, músicos já consagrados, artistas consagrados, para apoiarem o governo... Para que dar dinheiro para quem já tem? Para quem já tem sucesso? Só para apoiar o governo, na época de eleição? ‘Eu apoio Lula’. ‘Eu apoio Dilma’. Não é correto”, disse o parlamentar no sábado, 20, a. o ser entrevistado pelo canal a cabo em um debate. “Eles só davam dinheiro, muito dinheiro, para ter apoio na época de eleição”, continuou o deputado. 


Para a defesa de Caetano Veloso, as declarações de Bibo Nunes são falsas e atribuem ao cantor “condutas potencialmente ofensivas à sua reputação, sendo bem possível que as palavras do interpelado conf igurem crimes contra a honra do interpelante, sobretudo porque fogem ao debate político”. 



CICLISTA É UM DESASTRE

O CEO do Euro Exim Bank Ltd. fez os economistas pensarem quando disse:

O Vício de ser ciclista | Transporte Ativo

"Um ciclista é um desastre para a economia do país: ele não compra um carro e não toma um empréstimo, não compra um seguro de carro, ele não compra combustível, ele não envia seu carro para serviços e reparos - ele não usa estacionamento pago. Não causa acidentes graves, não exige rodovias com várias faixas - não se torna obeso - sim ... e que droga! Pessoas saudáveis ​​não são necessárias para a economia. Elas não compram remédios, não vão a hospitais e médicos. Elas não adicionam nada ao PIB do país. Por outro lado, cada nova loja do McDonald's cria pelo menos 30 empregos: 10 cardiologistas, 10 dentistas, 10 especialistas em perda de peso, além das pessoas que trabalham no McDonald's. Escolha sabiamente: um ciclista ou um McDonald?".
PS: caminhar é ainda pior. Quem tem o hábito de caminhar nem compra uma bicicleta.


BANDIDO BRANCO, BANDIDO NEGRO

Ricardo Salles revoga o próprio despacho contra Mata Atlântica ...

...Passando só pra lembrar que, seis anos antes de tomar posse como ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles mentiu sobre ser mestre em direito pela universidade de Yale, nos EUA. também antes da posse já havia sido condenado por fraude ambiental, acusado de improbidade administrativa, investigado por atividade ilícita na Junta Comercial de SP, enriquecimento ilícito e tráfico de influência. nada disso era segredo.

Bolsonaro nomeia o economista Carlos Decotelli para ministro da ...

O nomeado ao ministério da Educação, Carlos Alberto Decotelli, também falsificou dados sobre sua formação. mas ao contrário de Salles, sobre Decotelli pesam algumas outras suspeitas de improbidade, até agora não confirmadas, e só. mesmo assim, provavelmente sequer conseguirá assumir a pasta.
O bandido branco, milionário, de família abastada, segue firme no cargo mais de um ano depois, colhendo os louros de ser um bandido branco milionário de família abastada; o negro, cuja ficha corrida e conta bancária não chega nem aos pés do bandido branco, é quem recebe a sentença.

E O RABINO PEGOU!

A imagem pode conter: 1 pessoa, barba, texto que diz "Se tá ruim pra você, imagina para o rabino Meir Mazuz, de Israel, que disse que o corona é punição divina contra homossexuais, e agora testou positivo..."

CAMPANHA DE APOIO AOS MORADORES...

... DA ENCOSTA DO SANTO ANTÔNIO


Igreja e Convento de Nossa Senhora do Carmo – Wikipédia, a ...

AS DOAÇÕES DE ALIMENTOS NÃO PERECÍVEIS, PRODUTOS DE LIMPEZA E ROUPAS PODEM SER ENTREGUES NA IGREJA DO CARMO, PORTA LATERAL, DAS 8:00 ÁS 12:00

O POUCO QUE VOCÊ PODE DAR SERÁ MUITO PARA UMA FAMÍLIA!

segunda-feira, 29 de junho de 2020

VOU MANTER O SEGREDO

A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé

Gente, a empresária, socialite e dondoca Ana Paula Brocco não quer que divulguem que ela recebeu o auxílio emergencial de 600 contos mesmo sem ter direito. Então não vamos divulgar, é segredo mesmo, morre aqui, combinado? Obrigado.

COMENTÁRIO DO BLOGUEIRO Que vestidinho mais brega!

UMA CAGADA DE R$273 MILHÕES


O governo de Jair Bolsonaro escancara diariamente como era bravata quando nos contavam sobre os militares serem preparados, moderados e imunes à corrupção.
Já nos acostumamos a ver os generais palacianos baixarem a cabeça para os delírios do presidente e silenciarem diante dos casos suspeitos de corrupção da primeira-família. O general que ocupa interinamente o Ministério da Saúde também demonstrou não ter vergonha de omitir dados com a finalidade de preservar a imagem do governo.
Em meio à pandemia, o Exército censurou o termo 'isolamento social' em suas comunicações, estimulou surto de coronavírus em abrigo de refugiados para 'imunizar a tropa' e, de moderado, passou a cúmplice do extremismo de Jair Bolsonaro.
Em mais um capítulo sobre como funciona a relação entre as Forças Armadas e a política, o Intercept mostra hoje com exclusividade como o TCU prepara a absolvição de oficiais do Exército que jogaram no lixo R$ 273 milhões do dinheiro público.
O escândalo envolve quatro militares que respondem a processo: os generais Fernando Sérgio Galvão, Sinclair James Mayer e Guilherme Theophilo e o tenente-coronel Ângelo José Penna Machado. São eles os responsáveis pelo que os técnicos do tribunal chamaram de “erros grosseiros” na condução de contrato de mais de R$ 5 bilhões para a compra de blindados.
É, no mínimo, uma sucessão de bobagens e erros que se arrasta há anos e envergonharia o Sargento Pincel, aquele dos Trapalhões. O TCU já definiu que o prejuízo não pode ser recuperado. Resta à sociedade cobrar para que os responsáveis sejam punidos. A depender das relações que os fardados mantêm em Brasília, esta é mais uma história que caminha para acabar em pizza. O repórter Rafael Neves descobriu e conta essa história.
The Intercept

MAIS SOBRE O ASSUNTO:

domingo, 28 de junho de 2020

RUI BARBOSA NÃO GOSTAVA DE MAXIXE

PEDRAS PORTUGUESAS...

... OU PEDRAS À PORTUGUESA?

PEDRA A PORTUGUESA

O que se coloca nos passeios em Salvador é a “antiga pedra a portuguesa que se caracteriza pela forma irregular de aplicação das pedras” enquanto em Portugal se aplica “a calçada portuguesa clássica, que tem uma aplicação em diagonal, segundo um alinhamento de 45 graus com os muros ou lancis”. 

PEDRA PORTUGUESA

Só pela precisão discriminativa da técnica podemos entender quanto lá se leva este trabalho a sério.
Em 1986 a Câmara Municipal de Lisboa criou uma Escola de Calceteiros a fim de “renovar o efetivo de calceteiros municipais e divulgar a Arte de Calcetamento”. Que tal nosso dinâmico prefeito, hoje tão envolvido com a criação de novos museus, criar em Salvador uma escola idêntica? Não seria a melhor forma de confirmar a Primeira Capital do Brasil como “Cidade-Museu”? 

Resultado de imagem para FOTOS DE PEDRAS PORTUGUESAS
NÃO É MELHOR QUE PLACAS DE CONCRETO?

Amanhã algum órgão municipal ou estadual apresentará mais um projeto para as calçadas do centro antigo. A lógica mais elementar seria começar por retirar todo e qualquer poste, ampliar os passeios, para, finalmente, colocar pedras portuguesas. Ou será que teremos de abdicar, até aqui, de nossa identidade histórica? 
O primeiro alerta foi dado quando o prefeito João Henrique, com sua costumeira Estética da Mediocridade, resolveu melhorar (sic) o visual do Porto da Barra. Cortou mais algumas árvores – como nove de cada dez prefeitos – levantou o passeio e retirou o calçamento original para colocar placas de concreto. 

Alertado, fui verificar a agressão que tinha o aval “daquela” arquiteta do IPHAN, e entrei com processo no Ministério Público Estadual. Juca Ferreira, então ministro da Cultura (que falta nos faz!) se posicionou contra o absurdo. Mas o mal já era consumido. 

O entorno dos dois fortes e da bela enseada ficou prejudicado.
Já lá vão uns quinze anos que as administrações municipais declararam guerra à pedra portuguesa sob o pretexto de que são perigosas para os pedestres. Tendo vivido 15 anos em Lisboa, discordo em absoluto desta crítica. Nenhum de meus familiares, amigos ou amigas nunca se machucou nas calçadas de Portugal. 

RUA DA SAUDADE - CASCAIS

Volto às terras lusitanas com certa frequência e sempre me encanto com a elegância e criatividade do calçamento ao andar pelas ruas de Lisboa, Évora ou Cascais, sempre com manutenção cuidadosa e permanente. Em Salvador e arredores não existe nenhum calceteiro que domine realmente esta arte ou, se existir, nunca é contratado pela prefeitura.

Resultado de imagem para FOTOS DE PEDRAS PORTUGUESAS
RUA GENERAL GLICÉRIO - RIO DE JANEIRO


Os legados culturais não se limitam a uma mesma língua. Não se castra uma herança que nos veio de Roma passando pelos mouros.

A pedra portuguesa une Macau, Porto, Luanda, Rio de Janeiro, Maputo, Sintra, Praia e Salvador não somente pela força de uma mesma tradição histórica, mas também numa mesma preocupação de pertencimento.

TRUQUES DE REJUNTE DE PEDRA PORTUGUESA

NESTE BONITO DOMINGO DO FIM DE JUNHO

RESOLVI FUGIR POR UMA HORA 
DE MEU LONGO ISOLAMENTO
E PASSEAR PELO MEU BAIRRO
PARA VER A EVOLUÇÃO DAS OBRAS DA CONDER.

A CONDER É UMA ESTATAL QUE OCUPOU O LUGAR DO IPAC NA RESPONSABILIDADE DA CONSERVAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR, MAS - NESTE CASO - CONTENTOU-SE EM TERCEIRIZAR A OBRA, AGORA ASSINADA PELA DESCONHECIDA EMPRESA PEJOTA.


AS OBRAS COMEÇARAM EM FEVEREIRO, ANTES DO CARNAVAL, NA LADEIRA DO BOQUEIRÃO. FOI TOTAL SURPRESA PARA MORADORES E COMERCIANTES, JÁ QUEM ÓRGÃO NENHUM TINHA COMUNICADO O PROJETO.


APÓS QUASE CINCO MESES, A METADE ESQUERDA DE QUEM DESCE, ESTÁ MAIS OU MENOS PRONTA.



HÁ POUCOS DIAS INICIARAM O LADO DIREITO QUE, PELA LÓGICA, DEVERIA ESTAR PRONTO EM OUTUBRO 2020.




NA RUA DIREITA DE SANTO ANTÔNIO, INICIARAM AS OBRAS EM 25 DE FEVEREIRO. MAIS DE QUATRO MESES PASSADOS, A PRIMEIRA METADE AINDA NÃO ESTÁ CONCLUÍDA, AINDA FALTANDO MUITO.



PARA NÃO CRITICAR SISTEMATICAMENTE: GOSTEI DE SE DEDICAR UM ESPAÇO MAIOR AO PASSEIO NA CRUZ DO PASCOAL, PERMITINDO MAIOR CONFORTO NA COLOCAÇÃO DE MESAS DOS BARES DA ÁREA.



ESTRANHEI OS HOLOFOTES ACESOS DA CRUZ DO PASCOAL ÁS 11:00 DA MANHÃ.

  
 

ESTA FACHADA RECÉM PINTADA FOI VANDALIZADA PROPOSITALMENTE. POR QUEM, SE O ACESSO É RESTRITO AOS TRABALHADORES DA OBRA?



AQUI ESTÁ UM FLAGRANTE DA MAIS ABSOLUTA FALTA DE SENSIBILIDADE - E DE CULTURA - DOS RESPONSÁVEIS AO "REABILITAR" AS CALÇADAS DE UM BAIRRO TOMBADO PELA UNESCO.

ALÉM DESTES LADRILHOS PARA CEGUINHOS NÃO SERVIREM PARA NADA, DOIS TERÇOS SÃO DE CONCRETO E O OUTRO TERÇO DE PEDRAS Á PORTUGUESA.

(PARA QUEM NÃO CONHECE A DIFERENÇA ENTRE PEDRA PORTUGUESA E PEDRA A PORTGUESA: <https://novoblogdodimitri.blogspot.com/2020/06/pedras-portuguesas.html>




CHEGANDO AO LARGO DE SANTO ANTÔNIO, NOTEI QUE ESTA PALMEIRA ESTÁ COM SÉRIO PROBLEMA DE PLANTAS PARASITAS. ELAS PODEM ACABAR MATANDO ESTA BELA ÁRVORE. 

ALÔ ALÔ, PREFEITURA!




FINALMENTE ENCONTREI, DISCRETAMENTE COLOCADA BEM NO FIM DO LARGO, ESCONDIDO PELAS ÁRVORES, O CARTAZ DA CONDER. 

ENTÃO O VALOR SERÁ DE  R$5.699.467,17? 

GOSTEI DOS 77 CENTAVOS. 

MAS COMO CONTROLAR ESTA IMPORTÂNCIA? NÃO HAVERÁ OS COSTUMEIROS ADITIVOS?

VOU FALAR COM UM AMIGO AUDITOR FISCAL...


ENQUANTO ESTAVA COMENDO AMENDOINS COM UM AMIGO E SEUS DOIS FILHOS ( A DOIS METROS DE DISTÂNCIA) CHEGOU ESTE MAGNÍFICO FORDE LANDAU DE 1979..


JUAZEIRO TEM SEUS TESOUROS...



NO FINZINHO DA RUA DIREITA NOTEI ESTE CARTAZ QUE POUCO OU NADA EXPLICA. 

PELO MENOS DEVERIAM TER COLOCADO O OUTRO AQUI BEM VISÍVEL.

MAS CARTAZ NENHUM É BASTANTE COMUNICATIVO PARA ENTRAR EM TODOS OS DETALHES QUE MORADORES E COMERCIANTES TÊM DIREITO EM SER INFORMADOS.


RESTA O CHARME DE UM BAIRRO COM SABOR A VILAREJO, TÃO AMEAÇADO PELA COBIÇA E FALTA DE CULTURA DAS EMPRESAS, SEJAM PARTICULARES OU ESTATAIS...

UMA MULHER CONTRA O RACISMO

A JORNADA CONTRA O RACISMO DE UMA MULHER NEGRA NASCIDA NA ELITE DA BAHIA

No estado, menos de 20% da população é branca, mas Sauanne Bispo estudou em escola onde havia no máximo 20 estudantes pretos

sábado, 27 de junho de 2020

A DIREITA E OS CORVOS

ESCUTA.




Jorge Chaloub*
Os últimos dias foram marcados por sinais de moderação do governo Bolsonaro. Depois de semanas com frequentes ameaças de golpe, seja por parte do presidente ou do núcleo duro bolsonarista, o silêncio substituiu as bravatas. A coincidência entre a nova postura do presidente e a prisão de Fabrício Queiroz sugere uma relação entre os fatos e aponta para prováveis revelações danosas. O objeto desse pequeno texto não é, todavia, a cumplicidade entre a família Bolsonaro e membros das milícias carioca, mas a resposta das instituições e atores da oposição à direita a essa “nova fase” do Governo Bolsonaro.
Desde o momento quando despontou como um candidato competitivo, a postura predominante da mídia, da direita moderada, do Judiciário e mesmo de alguns atores progressistas foi a minimização da ameaça bolsonarista. Contra a retórica da histriônica do ex-militar, o olhar indulgente de muitos, que retratavam os crimes de Bolsonaro, como a apologia à tortura, como impulsos de um coração puro. Da recusa a enquadrá-lo como pertencente à extrema-direita às falsas equivalências[1] com o moderado governo petista, não faltaram estratagemas para reduzir a ameaça à democracia representada pelo Presidente.
A conduta genocida em meio à pandemia e as ameaças explícitas às instituições pareciam ter finalmente convencido uma parte importante da mídia e da direita tradicional da ameaça bolsonarista. Os esboços mal ajambrados de frente ampla sugeriam um cenário mais próximo, afinal, de um consenso sobre a profunda ameaça que figuras de clara inspiração fascista, como o atual presidente e vários dos seus apoiadores, representavam para qualquer ordem democrática. O silêncio de Bolsonaro e alguns tímidos movimentos de acomodação, como a mudança no Ministério da Educação e o envio de sinais de armistício ao STF, parecem, todavia, ter apagado todo o passado recente, legado ao esquecimento os milhares de mortos de uma política criminosa e as abertas pregações golpistas. A última semana registrou vários movimentos nesse sentido, que vão desde notas na imprensa claramente vazadas por alguns Ministros do STF até um a postura mais moderada, repleta das comparações de sempre com o PT, dos dublês de analistas políticos da GloboNews.
O movimento deixa cada vez mais claro como o interesse de parte de nossas elites política em reformas neoliberais e ultraliberais, já iniciadas com a votação do novo marco regulatório do saneamento no Brasil, – tema, aliás, de ótimo texto recente de João Dulci nessa mesma revista[2] –  é maior do que a preocupação com o futuro das instituições de 1988. O Governo Bolsonaro funciona como garantidor do receituário ultraliberal na economia, ao garantir a exclusão da esquerda de qualquer posição de destaque na cena política. Se despontam no mundo todo fortes críticas, à direita e à esquerda, ao neoliberalismo, o debate público brasileiro consagra uma versão particularmente extremada de tal receituário e continua a tratar qualquer ideia de ingerência estatal como quase sinônimo de corrupção. Nada mais sintomático do que a tosca divisão, de grande sucesso na grande mídia, entre ministros “ideológicos” e “técnicos” do Governo, com curiosa escalação do radical ultraliberal Paulo Guedes e dos militares saudosos do regime de 1964 no segundo grupo. A conduta antecede mesmo a suposta “moderação” do bolsonarismo, como bem exemplifica entrevista de Bruno Araújo[3], presidente do PSDB, no dia 12 de junho, quando o mesmo defensor entusiasta da deposição à qualquer custo de Dilma Rousseff passa a temer as eventuais consequências institucionais do afastamento de um Presidente que comete tantos crimes de responsabilidade quanto respira. Ao fim e ao cabo é a economia que importa e não se deve arriscar a normalidade das trocas por coisas tão comezinhas como ameaças de golpe ou milhares de mortos por uma política de saúde contrária a saúde pública. Enquanto isso, parte da esquerda, que merecerá outro texto futuro, perde a oportunidade de ganhar maior protagonismo no movimento de resistência democrática e se perde em uma composição entre sectarismo, ressentimentos e cálculos equivocados, compondo esse cenário de desalento onde nos encontramos.
Um velho provérbio espanhol afirma: “crie corvos e eles te arrancarão os olhos”. Desde 2014, a direita brasileira, a mídia e o sistema de justiça têm se dedicado com afinco a alimentar seus corvos. De maior partido de oposição, o PSDB se transformou no quintal do medíocre Dória, a poderosa Rede Globo recebeu ataques inéditos e o Judiciário foi tratado como nos tempos da Ditadura Militar, tudo isso em troca da desejada exclusão da esquerda e da “modernização liberal” do Estado brasileiro. Crente de que pode se livrar dos corvos a qualquer momento, esses atores criam um cenário muito semelhante, com todos os limites desse tipo de analogia histórica, ao da emergência de alternativas fascistas: com a exclusão da esquerda da cena política através da construção de inimigos públicos internos, a tolerância ante a violência pública, por meio de discursos e milícias armadas, e a naturalização de discurso anti-intelectuais e antidemocráticos, dentre outros aspectos. Enquanto isso os corvos, mesmo silenciosos, afiam suas garras. Não creio que eles se balizem por calendários eleitorais.
*Jorge Chaloub é um dos editores da Escuta.

ESCRAVA EM SÃO PAULO

Saiba quem é Mariah Corazza, executiva que manteve idosa em trabalho escravo em bairro nobre de SP

Mulher não pagava salário fixo à trabalhadora desde 2011. Idosa foi abandonada em imóvel da patroa sem acesso a banheiro
Funcionária de alto escalão na Avon, Mariah Corazza Üstündag, 29 anos, manteve uma idosa de 61 anos em condições análogas à escravidão em sua casa no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.
No Linkedin de Mariah, que foi deletado após a repercussão do caso, consta que ela é gerente global da marca no setor de “inovação em fragrância”. Estudou na Universidade de São Paulo (USP) e é filha de uma famosa cosmetóloga brasileira, Sônia Corazza.
Sônia, por sua vez, é engenheira química e foi responsável por criar produtos para as principais empresas de cosmético do país e do exterior, como Natura, Boticário e Avon.
A idosa foi resgatada neste mês pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Ela não recebia salários por seu trabalho como empregada doméstica desde 2011.
A vítima foi encontrada morando sozinha no imóvel em um quarto nos fundos do terreno. Abandonada pelos patrões, que mudaram de residência, a casa precisou ser arrombada pelas autoridades.
O quarto em que a idosa vivia, segundo os procuradores, era uma espécie de depósito e tinha cadeiras, estantes e caixas amontoadas. Um sofá velho era utilizado como cama e não havia banheiro disponível.
Após a publicação da matéria mostrando que a executiva que manteve a idosa em trabalho escravo era funcionária da Avon, a empresa enviou à Fórum uma nota informando que tem “compromisso irrestrito com a defesa dos direitos humanos” e que Mariah Corazza não integra mais os quadros de colaboradores da companhia.
Confira a íntegra da nota.
“Com grande pesar, a Avon tomou conhecimento de denúncias de violações dos direitos humanos por um de seus colaboradores. Diante dos fatos noticiados, reforçamos nosso compromisso irrestrito com a defesa dos direitos humanos, a transparência e a ética, valores que permeiam nossa história há mais de 130 anos. Informamos que a funcionária não integra mais o quadro de colaboradores da companhia. A Avon está se mobilizando para prestar o acolhimento à vítima”

ENTRE O INFERNO E O PARAÍSO


A biblioteca é meu espaço preferido para trabalhar ou simplesmente assumir minha preguiça congênita a passear pelo youtube. De sua origem, nos meares do século XIX, conservou portas, janelas, bandeiras e assoalho. As paredes foram invadidas por livros e quadros. Gostou da descrição?

Pois, apesar do cenário, este refúgio virou um inferno. Na rua, caçambas e escavadeiras da alvorada até bem depois do anoitecer. Minha mesa de trabalho parece uma extensão do deserto de Atacama, de tanta poeira amontoada, e o computador enferrujou. Ninguém sabe quantos trabalhadores adoecem em tempo de pandemia. Meu tossir matinal não é Corona, mas Pejota. O Estado iniciou obras há mais de quatro meses sem informar moradores e comerciantes do que se trata, quanto tempo viveremos na barulheira e na lama, nem quanto custará a nossos bolsos sofridos.


O que já tem cara de pronto, perto do largo de Santo Antônio, é simplesmente pavoroso, tamanha falta de compreensão do que é um bairro histórico. Tanto poderia ser na Pituba ou em Massaranduba. E mais: ao que parece, nem vão retirar os abomináveis postes e as fiações macarrónicas que sempre espantam turistas. O IPHAN, como de costume, caladinho. Mais uma vez: o Estado não tem amor a seu patrimônio, mesmo quando tombado pela UNESCO.
Só me resta pegar um livro e me mudar para o fundo da casa. De repente, o paraíso. O perfumado jasmim me dá as boas-vindas. O amigo Baudelaire teria adorado poder descansar – beauté, calme et volupté – como eu, no terraço, olhando para o jardim onde voam papagaios, rolinhas, bem-te-vis, beija-flores e cem outros pássaros cujos nomes desconheço. Saguis pulam de pitangueira em aceroleira, de palmeira imperial em bananeira, tudo por mim plantado, no meio da cidade do Salvador, durante estes últimos trinta anos. Muito além das grades que me separam da encosta, mesmo sem ser poeta, como não mergulhar no onirismo da baia que estende seus tapetes, um dia de aço, outro de turquesa? Com um pouco de sorte, poderei admirar a vela alva, triangular, pesada e lenta de um dos últimos saveiros flutuando entre negros cargueiros. Pancetti e Nicolas de Staël em 3D.



Quando anoitece, um colar de luzes prova que existe vida no imenso palácio branco que ancorou há mais de um mês, sem que ninguém saiba o motivo, com certeza grave, que o obriga a tão longa sonolência. A empresa falhou? Uma peça essencial quebrou e não consegue importar outra? Algum drama a bordo, como nas novelas de Agatha Christie?

Fecho os olhos. No balanço da rede, que é a melhor invenção do homem, deixo o tempo passar, esquecendo as escavadeiras, o psicopata que nos governa, o navio fantasma e a Pucky que late para lembrar que é hora da ração.
Dimitri Ganzelevitch
A Tarde sábado 27/06/20

EU APOIO!

sexta-feira, 26 de junho de 2020

INSÔNIA PARA O QUARTETO

Queiroz negocia delação premiada com o Ministério Público, diz CNN


Queiroz negocia delação premiada com o Ministério Público, diz CNN

Fabrício Queiroz, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro preso na semana quinta-feira (18), está negociando acordo de delação premiada com o Ministério Público. A informação foi divulgada pelo canal CNN Brasil. 

Entre as exigências do ex-funcionário da família Bolsonaro está a de proteção da família e prisão domiciliar. Fabrício Queiroz está em prisão preventiva, sem prazo definido.

Fontes da CNN indicam que a negociação está arrastada porque os promotores querem garantias que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro tenha informações novas para apresentar e não apenas relatar fatos que a investigação já conseguiu remontar.

DOIS PRESENTES PARA...

...FLÁVIO BOLSONARO

Flávio Bolsonaro, Queiroz e a metamorfose | BLOG DO AMARILDO ...

Acuado desde a vexaminosa prisão de seu ex-assessor ligado à milícia na casa do advogado da família, o filho 01 de Bolsonaro pode respirar no final desta semana. Além da vitória no TJ carioca, que decidiu retirar o caso das rachadinhas da primeira instância e das mãos do juiz Flávio Itabaiana, que decretara a prisão de Queiroz, Flávio Bolsonaro ganhou um novo advogado, Rodrigo Henrique Roca Pires.
Roca não é só um advogado com experiência em defender militares. Ele é uma espécie de “bombeiro” chamado para assumir defesas especialmente sensíveis ao alto generalato.
Foi ele, por exemplo, que acompanhou o general Nilton Cerqueira em seu depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em julho de 2014 – o general ficou calado e afirmou, sobre a então comandante suprema das Forças Armadas, após o relatório final: “E a terrorista que é presidente do país?”.
Roca foi também escalado para defender os militares acusados de assassinar e ocultar o corpo do deputado Rubens Paiva, durante a ditadura e obteve no STF uma liminar de Teori Zavascki confirmando que a Lei da Anistia ainda os protegia – um tema extremamente sensível para os generais tanto de ontem como de hoje. A decisão gerou jurisprudência segue sendo usada em outros casos.
Da mesma maneira, Roca foi “a bala de prata” usada pela cúpula do Exército para reverter no TJ do Rio uma decisão que levaria pela primeira vez a Júri Popular dois soldados que mataram um adolescente em uma Operação GLO no Rio de Janeiro. O caso aconteceu durante a Força de Pacificação do Alemão em 2011, e o menino, Abraão Maximiano, tinha 15 anos.
Após uma longa disputa na qual o governo federal, através da AGU, argumentava que o caso devia parar na Justiça Militar – e perdeu na primeira instância – Roca foi chamado para fazer a arguição oral perante o TJ, em maio de 2016. Estavam no julgamento o general de divisão Fernando José Sant’Ana Soares e Silva, na época comandante do Comando Militar do Leste, e o tenente-coronel Vital Lima Santos, hoje assessor do ministro da Defesa e membro da Comissão da Anistia apontado pelo governo Bolsonaro.
Rodrigo Roca começou sua arguição laudando o “regime de exceção” e a presença “do general e dos seus secretários que o acompanham”. Argumentou ainda que naquele “momento político”, quando avançava o pedido de afastamento de Dilma Rousseff, seria “temerário” deixar o “Júri decidir sobre a sorte desses moços”.
A apresentação de Roca impressionou os desembargadores. “Fiquei muito impressionada com a defesa do Doutor Advogado feita na tribuna, muito sensibilizada com o apoio que as Excelentíssimas Autoridades Militares, que vieram assistir ao julgamento, estão dando a esses militares que se viram nessa situação de fazer o policiamento de uma comunidade”, disse uma delas.
Os soldados jamais foram para o Tribunal do Júri. O caso foi enviado à Justiça Militar, onde foi arquivado em meados de 2017. Quatro meses depois, Michel Temer assinou a lei que retirou da Justiça Federal o poder de julgar militares que matam civis, mesmo em caso de dolo ou excesso. É essa lei que garante que os assassinos de Evaldo Rosa com mais de 80 tiros sejam julgados pelo Tribunal Militar.
Agora, Rodrigo Roca parecer ser a bala de prata dos generais para salvar o filho do presidente e, de quebra, um governo que cada dia é mais deles – na mesma semana em que a ala militar tirou o MEC das mãos dos olavistas.
Natalia Viana,
codiretora da Agência Pública