quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

ENTRE ROMA E MARRAKESH

 


Tia Neilar mora em Itaberaba. Fez 65 anos a semana retrasada. Convidei-a para passar o dia na capital, aventura rara para ela. Fomos almoçar no recém-inaugurado palácio do Tira-Chapéu. Bela realização. Tinha reservado uma mesa no restaurante francês do último andar, o Pala 7. O espaço é ótimo, na justa medida, nem muito grande nem muito pequeno. Bem luminoso e o ar condicionado na perfeita temperatura. Cadeiras confortáveis, mesa nem tanto por causa do pé central. Estranhei a falta de jogo americano debaixo de meu prato e os guardanapos de papel, tipo Mc Donald. Para um estabelecimento que pretende receber a crême de la crême soteropolitana, algodão me pareceria mais adequado. Estranhamos também o número de empregados, sempre muito atenciosos, que nos atenderam. Sete ao total. Que tal limitar a só um ou dois?

Cardápio enxuto, o que é bom sinal, mas sem menu executivo nem vinho em taça. Meia garrafa só para mim, já que a tia não bebe, significa que iria dormir no consultório. Limitamos a farra a coquetéis de frutas, aliás muito bem temperados. Analisando as propostas do reputado chefe Claude Troisgros, notei que a intenção era mais para culinária italiana que francesa. Nada contra. Em matéria de gastronomia, toda a Europa tem uma colossal dívida com a bota que colonizou e trouxe a civilização a redor do Mar Mediterrâneo e além.

Nossas escolhas coincidindo, vieram filetes de pescada amarela com um tempero a base de passas que me lembrou os tajines de Marrakesh. Delicioso. Na hora da sobremesa, o mousse de chocolate chegou dentro de uma grande travessa. Duas generosas colheres cada um, com um molhinho branco que não identifiquei e finas fatias desidratadas de amêndoas. Café expresso de qualidade, como a lei manda.

Paguei o que me pareceu um preço justo para a qualidade da refeição e minha tia ficou encantada.

Willy de Oliveira Neto

 

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