Tia Neilar mora em Itaberaba. Fez 65 anos a semana retrasada.
Convidei-a para passar o dia na capital, aventura rara para ela. Fomos almoçar
no recém-inaugurado palácio do Tira-Chapéu. Bela realização. Tinha reservado
uma mesa no restaurante francês do último andar, o Pala 7. O espaço é ótimo, na
justa medida, nem muito grande nem muito pequeno. Bem luminoso e o ar
condicionado na perfeita temperatura. Cadeiras confortáveis, mesa nem tanto por
causa do pé central. Estranhei a falta de jogo americano debaixo de meu prato e
os guardanapos de papel, tipo Mc Donald. Para um estabelecimento que pretende
receber a crême de la crême soteropolitana, algodão me pareceria mais adequado.
Estranhamos também o número de empregados, sempre muito atenciosos, que nos
atenderam. Sete ao total. Que tal limitar a só um ou dois?
Cardápio enxuto, o que é bom sinal, mas sem menu executivo
nem vinho em taça. Meia garrafa só para mim, já que a tia não bebe, significa
que iria dormir no consultório. Limitamos a farra a coquetéis de frutas, aliás muito
bem temperados. Analisando as propostas do reputado chefe Claude Troisgros,
notei que a intenção era mais para culinária italiana que francesa. Nada
contra. Em matéria de gastronomia, toda a Europa tem uma colossal dívida com a
bota que colonizou e trouxe a civilização a redor do Mar Mediterrâneo e além.
Nossas escolhas coincidindo, vieram filetes de pescada
amarela com um tempero a base de passas que me lembrou os tajines de Marrakesh.
Delicioso. Na hora da sobremesa, o mousse de chocolate chegou dentro de uma
grande travessa. Duas generosas colheres cada um, com um molhinho branco que
não identifiquei e finas fatias desidratadas de amêndoas. Café expresso de
qualidade, como a lei manda.
Paguei o que me pareceu um preço justo para a qualidade da
refeição e minha tia ficou encantada.
Willy de Oliveira Neto
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