quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

TRUMP

 


Não me surpreendeu nem um pouco a saudação nazista que fizeram Elon Musk e Steve Bannon durante a posse de Donald Trump. Os dois  celebrantes do novo governo americano são clara e inegavelmente fascistas, assim como Trump. Steve Bannon é um conhecido áulico da extrema direita internacional. 

Elon Musk é filho de um milionário sul-africano que enriqueceu com a barbárie do apartheid: um racista grosseiro e ganancioso, sem escrúpulos. (Só para lembrar, quando o censuraram pelo financiamento de uma violenta tentativa de golpe na Bolívia, ele não só confessou o crime como alegou ter o direito de dar golpes) . 

No caso de Trump vale a pena lembrar que o maior especialista no estudo do fascismo, o historiador Richard Paxton, já no ano passado declarou com toda a ênfase, numa entrevista concedida ao New York Times: Trump é, sim, um fascista “da gema”. 

O que surpreendeu não foi a afirmativa de Paxton, mas a demora da constatação que fez. Anos antes o grande historiador ainda  via algumas diferenças entre  Trump e seus modelos. Sim, modelos: até postura arrogante de Trump, seus gestos e atitudes corporais, lembram a pose soberba de Mussolini.  E salta aos olhos que ele imita Hitler no seu discurso político. (Não por acaso ele demoniza os “antifas”, ou seja, os anti-fascistas). 

A proposta bisonha de incorporação do Canadá evoca a Anschluss que Hitler efetivou, juntando a Áustria ao seu Reich.  A ambição de Trump de tomada da Groenlândia parece também inspirada na impudente tática de conquista  hitleriana. Ele fala da importância estratégica de ocupar essa ilha e também o Canal de Panamá com lógica semelhante à invocada pelos nazistas quando alegavam a necessidade de garantir não só a segurança de seu império como recursos e Lebensraum para sua gente, sem respeito por fronteiras.

 Seu mote “America First” não deixa de lembrar o lema nazi “Deutschland über alles”. E só um cego não vê que ele se associou à malta dos supremacistas brancos, aos neonazis da sua triste América. Os imigrantes estão para Trump como os judeus para Hitler  — ou os palestinos para Netanyahu. Ele também cultiva o ódio e se nutre do ressentimento da massa ignara que o elegeu. É ainda mais perigoso que seus ídolos. 

Seu negacionismo climático e seu obscurantismo num momento em que o planeta sofre com o aquecimento global e suas consequências deletérias constituem grave risco para a humanidade. Parodiando meu amigo Krenaki, mas invertendo sua fórmula,  acho que a insanidade do atual presidente dos Estados Unidos pode, sim, se não for contida, acelerar o fim do mundo. 

Combater energicamente o fascismo que se espalha como uma praga pela Terra é obrigação de toda pessoa digna, mas principalmente dos pensadores, escritores e artistas, de todos os que  lidam com cultura.    

 

Ordep Serra

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