EM PLENO LARGO DO PELOURINHO, ESTE ESPAÇO FOI A PRAÇA DO REGGAE. DESATIVADA PARA IMPLANTAÇÃO DO PALCO MÓVEL DE AUTORIA DE PASQUALINO MAGNAVITA. 10 ANOS ACUMULANDO LIXO POR TRÁS DAS PLACAS DE ALUMÍNIO.
No início da quarta gestão
petista, a área da Cultura apresenta-se no seu momento mais vulnerável. Aqui,
não me refiro `a perda do status de ministério. Não, vou abordar certos
aspectos que marcaram as ações dos três últimos governos.
O primeiro
governo é o do “quebro tudo e arrebento”, ação deliberada de destruir toda a
política cultural, retirando a prioridade da Cultura do plano estratégico,
comprometendo a diversidade cultural, acabando as bases de renovação,
fortalecimento e preservação do nosso patrimônio.
O segundo
governo tentou desqualificar a contribuição de Jorge Amado e Dorival Caymmi
para a identidade baiana; destruiu o Conselho de Cultura; redigiu uma “lei orgânica”
que normalizaria o funcionamento da área. Criação mal-ajambrada sem relação com
o meio cultural ou previsão de benefício na sua aplicação, essa lei estabelecia
“um sistema”, uma enorme geringonça de aparelhamento burocrático para controle
e dominação da atividade cultural; e um “ plano plurianual” risível por ser
apartado da realidade local, foram todos remetidos ao esquecimento das gavetas
das calendas gregas.
No terceiro,
percebemos com precisão a verdadeira abrangência do vazio, a totalidade do nada.
Afora o atendimento num balcão errático a uns poucos artistas apaniguados,
contemplados pelo grau da proximidade camarada ou influência política; no mais,
a completa ausência de mérito, sentido, significado, direção.
O panorama que se
avizinha é de terra arrasada.
Reconhecidamente
o discurso petista está sujeito à bitola partidária. A orientação vem da
executiva nacional e é repetida com as mesmas palavras até a náusea. Não há
espaço para individualidade, liberdade de expressão, e pensamento. Daí o desprezo
pelo patrimônio cultural baiano, eles só valorizam as obras daqueles ligados ao
partido. Não é o conjunto de valores de nossa população que lhes dá sentido à
vida. O sentido da vida deles vem dos postulados partidários. Daí a cultura
deles produzir “arte engajada”, datada, que não passa de propaganda partidária,
nada mais.
É flagrante a
falta de envolvimento dos altos representantes do executivo com a Cultura: que
valores de baianidade ostentam, que
práticas religiosas professam, quais espaços sagrados frequentam, com que
assiduidade, quais são suas práticas de convivência socioculturais?
Ao iniciar o
quarto mandato, os dirigentes da cultura petista devem à população explicações
que esclareçam a ruinosa situação que experimentamos, consequência dos seus
governos. Como superar a inépcia de suas conduções que nos tornaram meros
consumidores/expectadores da produção artística de outros estados?
Pois, por
essas e outras ações culturais equivocadas seja a marca dos governos petistas.
Oscar Dourado
Doutor das Artes Musicais,
DMA, Professor Titular
Aposentado da UFBA,
ex-Presidente do Conselho Estadual de Cultura.
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