quinta-feira, 13 de agosto de 2020

PASSEANDO PELA CIDADE

Em cinco meses, fui uma vez ao Rio Vermelho comer um acarajé, uma vez a Perini da Vasco da Gama, meia-dúzia de vezes até o largo de meu bairro e... e mais nada.
Ainda bem que não sou sujeito a depressão, mas não resta dúvida que ficar encarcerado quase meio ano (até agora) não é projeto de vida para alguém de 84 aninhos.

Assim que hoje chamei o Seu Jonas paa me levar por alguns pontos de Salvador que precisava ver ou desejava rever.


Comecei pela recém "reabilitada" Praça Marechal Deodoro, no antigo Cais de Ouro.
Haja concreto!
Não consigo entender o que passa pela cabeça dos urbanistas (sic) que planejam algo tão inóspito.


Para início de conversa, a curva é elemento proibido em qualquer circunstância.
Tudo tem que ser reto. Líneas retas,ângulos retor, quadrados...
Logo numa cidade cuja sensualidade é de conhecimento internacional.
Será alguma imposição de fundamentalista evangélico?



Chegando a "Colina Sagrada" as mesmas observações continuam válidas.
Um desespero!


Não bastasse tanta retitude - nada a ver com retidão - algum órgão, não sei se municipal ou estadual - inventou um agressivo e inútil paredão.



E o IPHAN concordou!


E para quê? Para uma capela de água benta! Acredite quem quiser...
Perguntar não ofende: Esta água provêm de alguma nascente local ou é simplesmente água fornecida pela Embasa? É benta como? Por ofício com firma reconhecida no cartório?


É tão absurdo como as vassouras de mil reais dos evangélicos. 
Mas felizmente esta água é gratuita e potável.


Quando digo que estes "urbanistas" são chegados a uma reta e um cubo...



Na rua paralela ao largo, havia uma fileira de belíssimos casarões de estilo eclético que mereciam ser tombados... mas não foram. O resultado é que vão sendo destruídos ou descaraterizados...


... com a benção dos órgãos ditos competentes.


O imponente Solar Marback é sem dúvida o único casarão do princípio do século XIX nesta área


Tombado pelo IPHAN (N° 141 do Livro de Belas-Artes), mereceria estar em perfeitas condições para hospedar algum museu, fundação ou centro cultural.
Ou simplesmente um bom e sofisticado restaurante, que faz tanta falta para quem vista a península de Itapagipe. 
Mas o IPHAN e o Governo do Estado não demostram o mínimo interesse. Mais uma vez.



Passando pelo Corredor da Vitória, não havia como não notar o maltrato ás árvores que dão a nobreza a esta hoje banal avenida,. de tanto derrubar antigas mansões. Vejam como torturam e cortam sem remorso as raizes, impedem a árvore respirar e receber as águas da chuva.
Se mais alguma cair, de quem a culpa?


Enfim o belvedere do largo da Vitária está pronto!
Haja concreto! Foi milagre não terem cortado a única árvore do espaço.
Deprimente...
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Para terminar este longo passeio, o Seu Jonas me levou até a Perini da Alameda Antunes, a loja mais antiga da rede.
Após comprar as guloseimas que mereço, pedi para usar o sanitário.
"Não temos sanitário... Mas se o senhor precisar, um funcionário pode lhe levar ao sanitários de serviço. Foi assim que adentrei nos bastidores das requintadas prateleiras de vinhos, pães, queijos e biscoitos ingleses.
Com todos os hotéis e restaurantes de luxo fechados na capital, a Vigilância Sanitária bem que poderia dar uma olhadinha. 
Iria com certeza encher o bolso com uma bela multa!



Um comentário:

  1. Eu que já estou deprimido com o isolamento... chorei! Que Deus dê lucidez aos governantes.

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