segunda-feira, 24 de agosto de 2020

PAREDÃO PANCADÃO

Os paredões de som invadiram São Paulo | Kondzilla.com

Matéria agora no Bahia Meio Dia mostrando a operação policial envolvendo Prefeitura e Estado na autuação e repressão aos paredões e festas de rua, que contrariam normas e restrições de aglomeração por conta da pandemia, levantam várias questões pra gente pensar:

1) por que esse rebanho de desgraça se junta nessas muvucas sabendo que a porra da doença ainda está aí de butuca esperando pegar o bando de sacana pra se espalhar e matar muita gente, inclusive os que estão em casa acautelados mas podem ser contaminados pelos imbecis que não respeitam o isolamento?

2) essas “manifestações da cultura popular” (gozo absoluto dos relativistas) já acontecem há tempos e, muitas vezes, desrespeitando o direito dos demais moradores da área ao descanso, ao sono, à circulação pela via pública. A avó de um ex-aluno morreu ano passado porque, ao passar mal, o atendimento do SAMU levou muito tempo tentando atravessar a multidão que não estava nem aí para os apelos dos socorristas para abrir espaço e deixar a ambulância passar;

3) tá lindo ver a parceria entre os poderes públicos em ações coordenadas em favor do interesse social. Será se no cenário pós pandemia a parceria poderia ser mantida ou voltaremos a tradicional briga de protagonismo, cada um querendo “se aparecer” com atos isolados e espetaculares para conquistar a esfera pública (comunicação) da política ???

A cultura de Salvador sempre foi marcada pela festa no espaço público. Hildegardes Vianna escreveu lindamente sobre isso em “Noite de Reis na Bahia”. Diversos historiadores documentam essa peculiaridade cultural e é absolutamente compreensível sua existência, persistência e evolução, do mesmo modo que as tensões também são inerentes a qualquer cenário de disputa.

Nem por isso vou legitimizar como sendo “cultural” esse tipo de comportamento porque estamos vivendo tempos de anormalidade e a repactuação do modus vivendi é impositivo pelo extraordinário em que estamos vivendo.
Sérgio Sobreira

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