Espécie de vitória-régia gigante é identificada em Londres após 177 anos
Planta aquática apresenta folhas enormes que crescem até três metros de largura e flores que abrem por apenas duas noites no ano, mudando de branco para rosa
A planta Victoria boliviana é nativa da Bolívia, onde cresce em um dos maiores pântanos do mundo, os Llanos de Moxos (Foto: RBG Kew)
Uma nova espécie de vitória-régia gigante (Victoria boliviana) foi identificada por especialistas do Jardim Botânico Real de Kew, em Londres, na Inglaterra, após exemplares da planta permanecerem escondidos no local por 177 anos. A descoberta foi revelada nesta segunda-feira (4) em estudo na revista científica Frontiers in Plant Science.
Além de ficar todo esse tempo no jardim londrino, a V.boliviana esteve também por 34 anos sem ser identificada no Herbário Nacional da Bolívia, país em que a planta é endêmica. Trata-se da primeira nova espécie gigante da família Nymphaeaceae identificada desde meados do século 19.
Inicialmente, a vitória-régia gigante foi confundida com a Victoria amazonica, outra planta do mesmo gênero cujo nome homenageia a rainha Victoria da Inglaterra desde 1852. A nova espécie é a maior Nymphaeaceae do mundo e apresenta folhas que crescem até três metros de largura na natureza.
Victoria boliviana tem folhas que chegam a 3 metros de largura (Foto: RBG Kew)
A V.boliviana cresce em um dos maiores pântanos do mundo, os Llanos de Moxos, na província boliviana de Beni. Coberta de espinhos afiados, ela produz muitas flores por ano, mas elas abrem uma de cada vez, por apenas duas noites, mudando de branco para rosa.
Durante anos, Carlos Magdalena, especialista mundial na família de plantas, suspeitou que poderia haver uma terceira espécie no gênero Victoria ao lado das já conhecidas V. amazonica e V. cruziana. Em 2016, o Jardim Botânico Santa Cruz de La Sierra e os Jardins La Rinconada, ambos na Bolívia, doaram sementes da vitória-régia gigante ao jardim de Kew, em meio às crescentes suspeitas.
Enquanto Magdalena cultivava a espécie no jardim londrino, ele notou que algo estava diferente. A V.boliviana tem uma distribuição diferenciada de espinhos e forma de sementes, em comparação a outras plantas do gênero. Os autores no novo estudo então resolveram juntar todas as informações existentes sobre a planta em registros históricos, em herbários e coleções ao redor do mundo.
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